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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Predador viu sinais de fraqueza e atirou-se à jugular


"Benfica deu sinais de vida na primeira parte mas foi liquidado, sem dó nem piedade na segunda. Newcastle muito mais forte e melhor

NEWCASTLE - As chamas cuspidas por pistolas atrás dos painéis publicitários, já com as bancadas quentes pela iminência do pontapé inicial, anunciaram um jogo escaldante e excitante — e não foi preciso esperar muito tempo para saltarem faíscas de duelos brutos pela bola, para homens de barba rija, se ainda hoje podemos dizê-lo ou pior escrevê-lo, acelerações vertiginosas, mas também desenhos táticos dignos de arquitetos e dribles virtuosos de artistas a escapar a labirintos de pernas.
A primeira parte do jogo foi riquíssima em tudo o que tem de bom o futebol ao mais alto nível, de Liga dos Campeões, acrescente-se ao que se disse oportunidades de golo nas duas balizas, o golo do Newcastle ou uma bola que Lukebakio atirou ao poste.
Mourinho adaptou a equipa ao Newcastle, não só com a entrada de Tomás Araújo para a esquerda — que difícil foi ter Murphy pela frente — e Aursnes à frente dele. No centro do meio-campo, Ríos não perdia de vista Ramsey, Barrenechea fazia o mesmo com Bruno Guimarães e Sudakov e Pavlidis tentavam pressionar a saída de bola e ao mesmo tempo fechar a linha de passe para Miley, primeiro homem da construção.
O Benfica demorou 10 minutos a estabilizar, nos quais o Newcastle tem duas boas ocasiões, passou a controlar muitos momentos de jogo. Faltava o resto, ou seja, o momento ofensivo. A melhor solução que encontrou foi procurar o espaço nas costas de Burn, lateral-esquerdo matulão que poderia passar muito bem por estivador numa qualquer rua britânica, através de Lukebakio. Tentou fazer o mesmo na esquerda, mas nem Aursnes é Lukabakio nem Burn é Trippier.
O Benfica, mesmo assim, teve três oportunidades boas, todas pelo extremo belga — primeiro ganhou a Burn, isolou-se mas perdeu o duelo com Pope (15’); depois atirou ao poste direito (21’); finalmente, depois de bom lance coletivo, finalizou para mais uma intervenção de Pope (43’), esta já depois do golo do Newcastle.
Foi a sair com a bola controlada, porém, que o Benfica sentiu mais dificuldades. E foi assim que os ingleses marcaram — Aursnes, pressionado, tentou meter um passe da linha para dentro e, ato contínuo, contra-ataque rápido com os encarnados desposicionados, espaços por todo o lado e finalização de Gordon (32’). Essa fragilidade na reação à perda de bola, sobretudo para lidar com a velocidade de execução inglesa, foi um quebra-cabeças para o Benfica, que muitas vezes se viu em inferioridade nos corredores — circunstância que se manteve no jogo e, por isso, o Benfica quase nunca teve laterais a participar no ataque.
A segunda parte começou com tanta ou mais fúria em campo. E com o Newcastle a atirar-se à jugular do Benfica, expressão utilizada por Mourinho. Miley (52’) e Murphy (54’) estiveram perto de liquidar o Benfica, com o remate a sair perto do poste esquerdo e outro a ser desviado por Trubin para canto, respetivamente. O Benfica não conseguia pegar no jogo, tentava sobreviver, dava os sinais de uma presa vulnerável, que o predador devorou.
Mourinho mexeu no jogo aos 63’ — saiu Dedic lesionado, entrou Ivanovic, que foi fazer de Aursnes e este de Dedic. Nada mudou. Nessa altura era forte a corrente do rio Tyne, o mesmo é dizer de Newcastle, o jogo só tinha um sentido e o Benfica capitulou num lance incrível — depois de um canto, Pope lança a bola com a mão para o meio-campo do Benfica, António Silva falha o corte e Barnes correu em passadeira vermelha para o 2-0 (70’).
O Benfica, depois, definhou, definhou e definhou na medida exata em que o Newcastle, mais forte e mais equipa, cresceu, cresceu e cresceu. Já só havia um dúvida. Qual seria a vantagem do Newcastle no fim. Barnes voltou a marca (83’). Ficou 3-0. Podia ter sido ainda pior."

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