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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Benfica-Newcastle: tempo de antena desperdiçado


"Não há melhor propaganda do que as vitórias, mas o Benfica voltou a desiludir em Newcastle e Mourinho até já tem mais derrotas do que Lage, para apreensão de Rui Costa em semana eleitoral

A visita a Newcastle representava uma oportunidade de afirmação para este Benfica. O cruzamento desejado entre a importância do desafio e o valor do adversário. Nunca seria sinal definitivo do que quer que fosse, mas poderia funcionar como rampa de lançamento para um novo ciclo, de resultados mais convincentes e exibições muito melhores.
Mas esta visita a Newcastle revelou-se uma oportunidade de afirmação completamente falhada. E não apenas pelo resultado — uma terceira derrota a complicar a ambição europeia —, mas sobretudo por mais uma exibição paupérrima, a justificar dúvidas quanto à capacidade que a equipa terá até a nível interno.
A aposta em Tomás Araújo para pseudo-lateral-esquerdo, ainda que estrategicamente aceitável, remete para um Benfica que continua a priorizar o encaixe no adversário, sem apresentar qualquer evolução no sentido de cimentar uma identidade própria.
Bruno Lage saiu há mais de um mês, mas a equipa continua incapaz de assumir os jogos, de mostrar uma faceta autoritária. É uma equipa amarrada a um instinto de sobrevivência que aplica jogo a jogo, num registo excessivamente resultadista.
Em Inglaterra só Lukebakio foi capaz de combater a sensação de inferioridade, perante um adversário que não deveria ser assim tão melhor. Ríos continua muito distante das expectativas, mas quem quiser individualizar problemas que são coletivos estará sempre a fugir à questão, até porque a ideia de um plantel espremido deve ser encarada como consequência e não como causa. Mesmo com carências evidentes, o lote de jogadores do Benfica tem qualidade para mais do que mostrou com Lage e para mais do que tem apresentado com Mourinho.
Se o ritmo melhorou, foi só isso. As águias não estão a voar mais alto do que estavam há um mês, e a prova disso é que o atual técnico já tem mais derrotas (duas em sete jogos) do que o antecessor (uma em dez encontros).
Mas se a agenda de José Mourinho está preenchida até junho de 2026, pelo menos, para Rui Costa o tempo corre inevitavelmente bem mais depressa.
Da próxima vez que o Benfica entrar em campo — sábado, às 20h30, frente ao Arouca —, muitos sócios já terão escolhido o seu presidente, pelo menos no que a uma primeira volta diz respeito, e Rui Costa sabe que não há melhor tempo de antena do que a bola a entrar, nem melhor propaganda do que as vitórias."

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