"O Benfica partia para novo teste europeu com o incómodo pecúlio de zero pontos somados na corrente UEFA Champions League.
A estreia, já lá atrás, correra inesperadamente mal. Aquilo que então era uma excelente oportunidade para contabilizar pontos frente ao Qarabag, acabou por ser uma desilusão, em contexto envolvente já complicado, aumentando a urgência pontual dos jogos seguintes. Esta nova visita a Inglaterra, depois da derrota em Stamford Bridge, visava alterar essa tendência inicial. O histórico do Benfica nas visitas a Inglaterra estava longe de ser animador, mas há sempre uma nova história que se quer escrever e esta carregava essa renovada esperança. Fazer pontos para animar a campanha e entrar na luta era o objetivo.
Do outro lado, o Newcastle, embora no momento modestamente classificado na Premier League, é atualmente dos mais poderosos clubes ingleses, beneficiando de mais um investimento saudita. Neste último defeso, para nos situarmos economicamente, o clube chegou perto dos 300 milhões (!) para a vinda de novos atletas.
Quanto ao jogo, depois da exibição contra o Chelsea, embora perdendo, era provável que a equipa escolhida por Mourinho não fosse muito diferente. Mourinho, que tinha referido na antevisão a velocidade dos alas contrários, respondeu com a inclusão de Tomás Araújo, talvez o jogador mais rápido do plantel e também mais experiente que Dahl, para assumir um papel presumivelmente mais posicional na esquerda da defesa.
O jogo foi dividido inicialmente, com o Benfica mais pressionante e agressivo posicionalmente do que em Londres. O golo do Newcastle, resultado do espaço que Bruno Guimarães conseguiu e da sua qualidade de passe, fez oscilar momentaneamente o Benfica. A equipa reagiu e viria a criar perigo, muito pela velocidade e capacidade de Lukebakio, que se superiorizava ao seu adversário direto.
O intervalo trouxe um Benfica, sem nada a perder e a querer, mas sem conseguir o pretendido domínio. O Newcastle foi na maioria do tempo superior. O segundo golo, muito consentido pela lenta e displicente transição defensiva, veio reforçar o cenário de impotência a que se assistia. Os reforços ingleses que chegaram do banco, pela sua qualidade, ainda mais complicariam, confirmando um resultado mais marcado.
Para além dos pretendidos pontos novamente adiados, a má notícia é também a lesão muscular de Dedic, por ausência de opção natural. Quanto à equipa agora o caminho é recuperar fisicamente, mas com a certeza que a componente mental será a mais fragilizada. Quanto ao principal objetivo da época, prossegue daqui a poucos dias e é nesse que se deve pensar.
A real atualidade
É sabido que realismo não combina com clubismo, mas nos dias de hoje, é entendido como mais realista que o objetivo principal do Benfica seja a conquista do título de campeão nacional ou, como é o caso, a sua recuperação. Ano após ano, joga-se muito o orgulho europeu do Benfica, mas num cenário atual que é bem diferente e complicado. A realidade do futebol de hoje distancia, como sabemos, o futebol português das Ligas mais poderosas e, por isso, também das saudosas conquistas europeias. No entanto, realismo à parte, a esperança e o sonho de regressar a uma final devem subsistir, a história do clube a isso obriga.
Taça mágica
Se o Chaves e o Paços de Ferreira, embora defrontando candidatos a vencer o troféu, mostraram poder voltar ao nosso melhor campeonato, outros houve que se consagraram batendo adversários da nossa principal Liga. Alpendorada, Sintrense, Fafe e Ac. Viseu, principalmente estes, subiram ao sempre desejado quadro de honra desta eliminatória da Taça de Portugal, afastando clubes da primeira Liga. Ano após ano, confirmamos como especiais e surpreendentes podem ser os confrontos entre diferentes escalões. A história de cada edição da prova rainha, reforça a motivação dos mais fracos e fá-los sonhar alto, ano após ano.
Clayton
O Rio Ave tem aquele exemplo de ponta de lança que as equipas normalmente procuram ter. Um avançado ainda jovem, incómodo e difícil de marcar, robusto, com capacidade técnica e aptidão goleadora. Clayton é um valor de indiscutível qualidade e eficácia, mas vítima de si mesmo, pelo seu descontrolo disciplinar frequente.
Hoje, as aquisições são cuidadosamente medidas, considerando a capacidade futebolística, claro, mas cada vez mais a regularidade e a disciplina dos jogadores. O futebol é um desporto fisicamente exigente e o cansaço associado reduz o necessário discernimento. O comportamento do atleta tem de dar garantias, resistindo ao stress que a competição sempre provoca. Ser expulso no final de um jogo já resolvido com o Tondela, é criticável e determina uma suspensão. Teria o Rio Ave sido eliminado em Sintra, nesta última eliminatória da Taça, com Clayton em campo? Nunca o saberemos, mas provavelmente não.
Honra e glória
Temos à porta as eleições do maior clube português. Ideias, opiniões e críticas cruzadas foram emitidas. Tem sido uma disputa acesa, mas que já cansa e da qual se deseja o fim. Mourinho lembrou que representar o Benfica, quer jogando ou treinando, já é um grande peso e responsabilidade, mas a verdade é que o mar se agita e as eleições percebem-se. A equipa está acima de tudo e deve ser protegida, porque os duelos importantes sucedem-se.
Glória aos vencedores e honra aos vencidos, é o que a história diz dos bons adversários no final dos desafios. É tempo de encostar as diferenças e reunir esforços porque há mais um campeonato para ganhar."

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