"O futebol merece que se combata a simulação, a cultura do engano, a batota
Felizmente para o FC Porto e para Taremi, a discussão em torno da controversa falha de energia numa tomada do Estádio do Dragão, alegadamente culpada da interrupção das normais comunicações entre árbitro e VAR, em particular a consulta de imagens no monitor colocado no campo, deixou para segundo plano o debate sobre a insistente tendência do internacional iraniano para a simulação de faltas e para o evidente prejuízo para o jogo e para a competição da Liga caso a grande penalidade assinalada em campo, em cima dos 90’ do FC Porto-Arouca, pelo jovem árbitro Miguel Nogueira, um militar profissional de 29 anos, não tivesse sido revertida, mesmo por telemóvel, pelo vídeo-árbitro Rui Oliveira.
Não há outra forma de o dizer: o que Taremi voltou a fazer no final do tempo regulamentar do jogo do último domingo foi mais uma vez simular, de forma absolutamente grotesca, faltas que levassem, como levaram, o juiz de campo a assinalar grandes penalidades contra o Arouca, a fazer lembrar (porque é, na verdade, difícil esquecer…) a caricata imagem, por exemplo, no FC Porto-Wolverhampton da pré-temporada, no Algarve, de vermos Taremi atirar-se para o chão imediatamente após pisar o pé direito de José Sá, o guarda-redes internacional português que representa a equipa inglesa.
Dirão os adeptos portistas mais frenéticos que Taremi se limita a tentar tirar partido de situações de jogo que possam, naturalmente, dar vantagem à equipa.
Os mais sensatos, talvez sintam que Taremi deve continuar a tentar aproveitar o que pode, mas talvez não deva correr riscos de evidente simulação. Quanto aos adversários, é possível que não saibam já se devem rir ou chorar.
Pode Taremi dar tudo (como creio que dá) em defesa do FC Porto. É o que deve fazer enquanto jogador profissional. Está no campo para fazer golos, por ser avançado, e para ajudar a equipa a vencer seja onde for e frente a que adversário for.
Mas não perderia nada se pensasse um pouco mais na imagem que quer definitivamente deixar na Liga portuguesa. Se a de um jogador inteligente, versátil e goleador (80 golos em 147 jogos pelo FC Porto nas últimas três temporadas), se a de ‘especialista em simulações’ que se sobreponha à imagem técnica do bom jogador que é.
Essa escolha é dele. A nossa (nossa e a de muitos adeptos, seguramente) é a de o criticarmos com maior ou menor dureza.
Não vale, aliás, a pena confundir o debate com o que terão feito outros jogadores há 5, 10 ou 20 anos. É do momento que falamos. E falamos de um momento porventura crucial (centralização dos direitos televisivos) para o futuro de toda a indústria do futebol português.
Pela minha parte, não hesito: a opção é criticar o que fazem os jogadores para iludir. O futebol merece que se combata a simulação, a cultura do engano, a batota. Seja onde for, com que equipa for e seja com quem for!
O presidente do Benfica, Rui Costa, voltou ontem, pela terceira vez, a explicar na televisão do clube todas as movimentações no futebol encarnado, saídas, contratações, empréstimos, no fundo, a estratégia que seguiu este verão.
Destaque para o regresso à Luz do argentino Di María (a maior estrela da nossa Liga), que Rui Costa diz ter ficado a dever-se exclusivamente «à vontade do jogador» de voltar ao Benfica. «Ele não recebeu prémio de assinatura e não ganha mais do que o teto salarial que definimos para o clube», afirmou o presidente encarnado, acrescentando que o campeão do mundo argentino «não quis saber que teto salarial é esse».
Poderá o líder das águias rever-se, certamente, no seu próprio e tão desejado regresso à Luz, como jogador, quando em 2006, vindo do Milan, com o qual tinha fabuloso contrato, assinou pelo Benfica sem querer saber qual seria o salário. O futebol terá sempre algumas histórias de amor."
João Bonzinho, in A Bola
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