Últimas indefectivações

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Bancadolândia


"Se há dias em que, ao sair de casa, intuímos que tudo nos vai correr a contento, domingo, 9 de janeiro, foi um deles. Apesar de misteriosas e intrincadas, as boas vibrações sentem-se, abraçam-nos, viajam connosco. No Estádio da Luz, ao cair da tarde, as sensações eram positivas e escalaram ao longo dos 90 minutos do duelo com o Paços de Ferreira. Coincidindo com o termo da primeira volta do Campeonato, a história em 2022 começou a ser escrita com uma vitória alicerçada numa exibição esperançosa. Ventos de feição, concordaremos, mas, para lá do resultado, outras boas notícias houve para quem apoia, torce, exige e cobra no anonimato das bancadas, e uma dessas novidades tem sete letras, chama-se Everton.
Sou, confesso, um apreciador de estatísticas, gosto de ler o que os dados têm para nos dizer durante um jogo após o mesmo e nas avaliações comparativas, mas também é verdade que estamos perante uma massa bruta que nunca nos transmite a realidade completa e que, nesse sentido, não é plenamente justa e fiel. Aconteceu com Everton no encontro com os pacenses. Não se cotou como o rei dos números, mas, desamarrando o talento que nele se percepciona a cada carinho na bola, o extremo foi emissor de uma mensagem que transcende a objectividade: ele - prometeu - vem aí.
As fintas, a velocidade, a explosão, os rasgos, a coragem e o atrevimento no um contra um, os cruzamentos, a diferenciação nas bolas paradas, a criação de oportunidades de golo com passes mortíferos... tudo isto e muito mais se espera de um jogador como Everton, cujo no mundo do futebol. A boa energia que o '7' do Benfica transpareceu no relvado e extravasou as quatro linhas, no último domingo, é um daqueles indicadores do domínio da subjectividade que, precisamente por esta característica, nenhum compêndio estatístico nos disponibilizará. Viu-se e, sobretudo, sentiu-se o prometimento do internacional brasileiro, também ele (como a equipa) envolvido num recomeço. Profissional de futebol, sim, mas Everton é de carne e osso, como nós, e ele, como nós, também sabe que não se pode passar a vida a adiar o que é realmente importante."

João Sanches, in O Benfica

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