"A festa de Francisco Albino foi uma verdadeira manifestação de apreço por um dos maiores futebolistas de Portugal
Francisco Albino figurava diante de uma impressionante parada de atletas de todas as secções do Benfica. Era a sua festa de despedida da equipa de honra, a 13 de Maio de 1945, no Campo Grande. Visivelmente emocionado, 'passou em rápido relance toda a sua vida de jogador - de grande jogador! - desde que um dia, nas Amoreiras, cingiu ao busto franzino, guardando um grande coração, a gloriosa e, para êle, tão deslumbrante camisola encarnada'.
Quinze anos antes, era 'êsse garoto que um dia apareceu no campo das Amoreiras, olhando embevecido as bolas pontapeadas pelos grandes dêsse tempo'. Viria a ingressar na categoria dos infantis e, desde então, não envergaria outro emblema que não o do Benfica, quase sempre como médio, alcançando a equipa de honra em 1932/33. Inigualável em dedicação, era possível ver em campo a 'sua silhueta magra, quási deselegante, o rosto vincado pelo esforço (...) as pernas correndo, correndo, correndo sempre, procurando a bola aqui e ali, deixando transparecer o prazer da luta' e 'foram em número elevado as tardes em que Albino empurrou o «team» para a vitória, algumas vezes quando já parecia impossível de obter'.
Ao serviço do Benfica, conquistou um palmarés impressionante, mas o jogador sabia que chegara a hora da despedida: '«Tôda a minha amizade pelo Benfica, todo o meu desejo de colaborar até aos últimos instantes na glória do meu clube, não me fizeram perder a noção das realidades, verificando que insistir para continuar no meu posto poderia amanhã ou depois constituir um estorvo»'. E a sua festa de despedida constituiu uma grandiosa manifestação de apreço por um dos melhores médios do futebol português, 'transcendendo de homenagem clubista para uma consagração apoteótica em que tomaram parte as forças vivas do Desporto'.
Passadas as cerimónias de despedida, teve início o amigável entre o Benfica e o Sporting. O jogo foi interrompido aos 40 minutos para a sua saída. Abraçou o treinador, Janos Biri, entregando-lhe a medalha de campeão nacional dessa época, e foi buscar Francisco Moreira, seu substituto. Depois, acompanhado pelos companheiros de equipa, deu uma volta ao campo, e o público, 'prêso de comoção, sufocado, acenou-lhe com lenços e gritou-lhe o seu nome'.
Francisco Albino saiu do rectângulo no meio de indescritível apoteose, mas ditou que '«Do Benfica não me despeço: êle foi e será sempre o grande clube que não podemos - nós, os verdadeiros benfiquistas - abandonar»'. E, por sentir que não podia perder, tão depressa, o 'vício' da bola, ingressou no Sport Lisboa e Saudade, onde '«a camisola é a mesma e o ambiente de permanente recordação»'.
Saiba mais sobre este jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
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