"A PJ disponibilizou uma assoalha a Rui Pinto. É uma prática corrente. Já o FC Porto disponibilizara uma assoalhada no seu estádio para 'armazenar'' o que foi roubado pelo 'hacker' ao Benfica, tal como revelado em Tribunal por Diogo Faria, funcionário do clube
Surpreendeu-me, confesso, o pouco menos do que fugaz folguedo registado nos centros de pensamento que mais pugnaram pela entronização de Rui Pinto depois de ser pública a alteração da medida de coacção que lhe foi aplicada. O 'hacker', que estava em prisão preventiva há 13 meses, foi posto agora em prisão domiciliária numa assoalhada disponibilizada pela Polícia Judiciária. A disponibilização de assoalhadas neste é caso é uma prática corrente visto que já o FC Porto disponibilizara uma assoalhada no seu estádio para 'armazenar' o que foi roubado ao Benfica, tal como foi relevado em tribunal por Diogo Faria, funcionário do clube. Segundo Faria, o FC Porto disponibilizou-lhe não só a assoalhada como também um computador que 'estava apenas acessível a si e a Francisco J. Marques', que era e ainda é o director de comunicação da casa. A diferença maior entre a assoalhada agora disponibilizada pela Polícia Judiciária a Rui Pinto e a outra assoalhada disponibilizada pelos receptores do material roubado é não haver computar 'à mão' na assoalhada da PJ.
Obviamente, 'à mão' de Rui Pinto, cuja libertação vinha sendo exigida por uma legião de admiradores indignados pelo facto de o acervo surripiado e o respectivo surripiado serem chamados 'a colaborar com as autoridades'. Por tudo isto, volto a confessar, surpreendeu-me a ausência de um clamor de satisfação tendo em conta que a notícia da alteração da medida de coacção - da prisão preventiva para a domiciliária - veiculava ainda que Pinto passaria a colaborar com a Justiça tal como parecia que era pretendido por muitos dos seus admiradores e por ele próprio desde o dia em que nasceu.
Lá parecer, parecia, mas o despacho da juíza de Instrução Criminal veio desfazer o pequeno engodo. A juíza explicou a alteração das medidas e a colaboração com a Justiça por força da alteração do estado de espírito e da disponibilidade de Rui Pinto para o efeito. Ora leiam com atenção esta frase singela e, porém, tão desmistificadora: 'O arguido inverteu a sua postura, apresentando agora um sentido crítico e uma disponibilidade para colaborar com a Justiça'. A palavra 'agora' tem, de facto, muita força assim como o verbo 'inverter' e tudo isto junto esclarece com cabimento como Rui Pinto depois de sofrer as agruras de um ano de prisão efectiva resolveu (finalmente!) disponibilizar-se para colaborar nos termos em que o Ministério Público entende ser profícua, republicana e democrática a sua colaboração. Que colabore bem. Que dê tudo. Cada um dá o que pode.
O Benfica, por exemplo, doou ao Serviço Nacional de Saúde 1 milhão de máscaras cirúrgicas, 1 milhão e 800 mil pares de luvas descartáveis, 173500 máscaras de protecção, 2620 óculos de protecção, 2620 fatos de protecção, 778 termómetros infravermelhos e 6 ventiladores. Ainda está tudo em armazém. E em armazém legítimo. Cada um dá o que pode."
Como sempre mais um artigo brilhante
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