"Nicolas Gaitan chegou ao Benfica há pouco mais de 9 anos e eu recordo, com uma certa dose de afecto e orgulho, a forma perspicaz e cirúrgica como não precisei de muitos jogos para lhe traçar o perfil "belo barrete que aqui está", mesmo perante a inqualificável insistência na qualidade do argentino, por parte de outros aficcionados com quem habitualmente via o SL Benfica, inclusive quando terminei o O. Lyon - SL Benfica de peito cheio pela caricata expulsão com duplo amarelo do 20 ainda antes do apito para o intervalo.
À data, eram vários os engulhos que o argentino me criava na garganta. Acima de todos, haviam 2: por um lado, considerava-o irritantemente complicadinho com calcanhares para trás e para a frente, trivelas sempre que possível e passes com as costas em zonas proibidas; por outro lado tinha o pontapé mais pífio que havia passado pelo Benfica desde que o Velho Capitão deu a titularidade ao Pedro Henriques, com remates de fora da área que davam a sensação de parar para beber um café e comer um croissant antes da bola se anichar suavemente no colo do guardião.
Obviamente, hoje é fácil identificar algumas (poucas) falhas no meu julgamento precoce. Convém é não esquecer que em 2010, Gaitan tinha tudo o que Laurent Robert, o último extremo esquerdo titular numa boa campanha europeia do Benfica, não tinha tido: rapidez, fantasia, magia, qualidade... e pontapé à infantil. Felizmente para o Osvaldo Fabián, com uma valente evolução ao longo da estadia no Glorioso, conseguiu sair da muito temida (por todos os jogadores do Benfica, como é público) Lista Negra d'A Mão de Vata, que só em termos de curiosidade, é liderada vitaliciamente ex.aequo pelo Derlei e pelo Paulo Pereira.
Fugitivo que foi da Lista Negra d'A Mão de Vata, Nico deu consigo em espaço aberto para se tornar ídolo da Nação Encarnada e não perdeu o ensejo, com recurso não só a exibições de elevado quilate, assistências magistrais e golos fundamentais, mas especialmente por ter sido ele que resgatou o 10 do Manto Sagrado, directamente do lombo indigno do Djuricic. Degrau a degrau subiu a escada do estatuto e quando em Maio de 2016 se despediu do Benfica, foram choradas tantas lágrimas, que ainda hoje esse ano é apontado pelo IPMA como o oásis na década de seca severa que assola Portugal.
Saído do SL Benfica em direcção ao Atlético de Madrid, o ex. jogador do iniciou então um périplo pelo inferno Simeoniano, seguindo directamente para a luta pela manutenção Chinesa, de onde se encaminhou para o insípido campeonato americano de futebol (soccer's your aunt's pussy). Terminada a série de contratos-a-caminho-da-reforma, aparece novamente no espectro do Benfica, numa entrevista que soa mais a "análise de mercado" de LFV do que a "preciso de um repórter e de um fotógrafo para entrevistarem o Gaitán lá na Argentina" do editor da A Bola. Perante o desejo plasmado na capa do jornal de voltar ao Sport Lisboa e Benfica, eu respondo... não!! Porque apesar do nosso mau início de relação, aprendi a admirar Nicolas Gaitan e ele vem de 2 anos em ponto morto competitivo, a precisar de fazer pré época e a bater à porta dos 32 anos. Para O Clube será sempre uma operação sem espinhas e não vai ser o dinheiro dispendido com ele que irá fazer danos nas contas. Para o jogador, o risco de estragar a relação Adeptos/Nico, numa fase em que andamos com a crítica na ponta da língua, é demasiado grande para ser apoiado. Mas claro... se acertarem agulhas, a 10 está ali à tua espera... e nós também."
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