"Da felicidade à euforia, os benfiquistas experimentaram no desafio do último sábado toda a dimensão da distância que medeia entre o sonho e a realidade. Fazendo-se as contas no fim, estava escrito nos astros que, como predizia a sabedoria dos homens, havíamos de vencer. Vencendo-nos, primeiro, a nós próprios, das nossas insuficiências e nas nossas dúvidas, com as quais sempre quisermos e soubemos superar os nossos limites. E, a seguir, ultrapassando os obstáculos que aleatoriamente sempre surgem, de modo inesperado ou nem tanto, no percurso que nos foi dado empreender. Por fim, ganhando, com brio, competência e estilo, as mais difíceis disputadas directas com os nossos adversários.
Estávamos fortes e preparados: sempre nos mantivemos juntos e unidos na adversidade, cada um sempre disponível para todo o esforço de carreira e todos em cada dia mais fortalecidos pelo desempenho conjuntivo que irrevogavelmente nos impelia para o triunfo.
Pela frente, a realidade estendia-nos o caminho que devíamos prosseguir: conhecendo-nos, como ninguém nos conhece, na nossa própria cadência e na capacidade trabalhada que vamos desenvolvendo com humildade e persistência, no íntimo, como sempre, me face dos resultados que fomos alcançando, desenhámos e fomos tornando mais definidos os nossos planos.
A meta estava nítida. Se as contas definitivas se haviam de fazer no fim, bastaria considerar e prever todos os factores próprios que estivessem ao nosso alcance, de modo a dosear devidamente o nosso esforço, ajustando-se sempre à realidade das jornadas que se sucediam. Simples.
Não pensar nos outros, terceiros, cujo rendimento não tinha que nos interessar directamente, senão quando eles o confrontassem face a face com o nosso, fez-nos focar exclusivamente nas nossas próprias tarefas. Cada vez mais nitidamente, concentrámo-nos no nosso próprio objectivo. Esse, para nós, semana a semana, tornava-se mais nítido. E embora a fadiga e a traição física por vezes se viessem insinuar, logo sentíamos o determinante apelo daqueles que nos envolviam: já falta pouco... não podemos fraquejar... afinal, todos juntos, vamos conseguir.
E conseguimos.
Cumpriu-se a ordem cósmica: tínhamos de ser campeões e, como nas anteriores trinta e seis vezes, hoje voltámos a ser campeões. Porque, como nos ensina a História do Benfica, soubemos definir o rumo, soubemos cumpri-lo; e, sobretudo, porque, depois de começarmos por nos superar a nós próprios, todos juntos nos soubemos focar e manter, exclusivamente, naquilo que tínhamos de fazer.
Aí, está, de novo, o Grande Benfica!
José Nuno Martins, in O Benfica
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!