"1. Se há coisa que não aprecio mesmo nada é aquilo a que podemos chamar moda light. Não me é possível expender aqui as premissas em que se funda esta minha reacção, mas adianto alguns exemplos de tal tendência: cafés sem cafeína, cigarros sem tabaco, salgados sem sal ou cervejas sem álcool. A esta sonsa lista juntou-se esta semana o triste anúncio de uma Volta a Portugal sem nenhuma chegada à Torre. Sim, acredito que deverão ter sido invocadas supostas razões para tal obstrusa opção. O que não há, porém, é razão alguma que permita a quem quer que seja dizer que uma Volta a Portugal sem nenhuma etapa a terminar na Torre é melhor do que outra cujo percurso contemple tal chegada. Afirmou o diretor da corrida que tal «não retira mística» à prova. Ora bem, não sei se eu e Joaquim Gomes partilhamos o mesmo significado para o conceito místico. Mas julgo saber que, assim como a Volta é, indiscutivelmente, um fenómeno popular, também o povo não deixará de manifestar o seu juízo quanto a tal inovação. Era o que mais, faltava que a moda light chegasse ao ciclismo. Seria o mesmo que fazer a apologia de um novo paradigma; a dos ciclistas não pedalantes.
2. Neste soturno ambiente eis que Jorge Jesus renovou com o Sporting. O que é certamente bom para os leões e para o técnico. Mas também, permito-me dizê-lo, para o FC Porto. Não é Jesus um bom treinador? Claro que é, um dos mais competentes. Mas o Dragão não precisa de um líder que apenas saiba de bola.
3. O FC Porto está obrigado a vencer a final da Taça de Portugal. Fazendo-o, não faz nenhum feito. Jamais tal poderia servir como paliativo de uma época miserável. Mas se nem isso suceder só pode ser porque alguém terá confundido uma tentativa de recobro com uma autópsia."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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