Últimas indefectivações

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O caso Veríssimo no Dragão


"Fábio Veríssimo, árbitro do jogo FC Porto-Sporting de Braga que terminou com uma vitória dos dragões, por 2-1, queixou-se de tentativa de pressão por parte do FC Porto, no sentido de influenciar a sua arbitragem. Diga-se que a forma encontrada foi ardilosa: na cabine da equipa de arbitragem, ao intervalo, uma televisão passava de forma incessante e repetida, o lance do golo anulado ao FC Porto. Acrescem repetidas imagens de um jogo sub-13, entre Benfica e FC Porto, onde Fábio Veríssimo terá validado um golo semelhante a favor dos encarnados.
A televisão, as imagens, eis um bom exercício de criatividade, gabe-se. Mas foi pressão? Coação? E foi violência moral proibida pelo Regulamento da Liga? Afinal, o árbitro reportou a situação à Liga, mas, que se saiba, não disse ter sido influenciado pelo televisor. Ou foi?
A primeira questão é uma questão de prova: o FC Porto é responsável pelo que se passou? Só a Justiça, desportiva e não só, o poderá dizer. Porém, como temos explicado, muitas vezes os clubes são obrigados a pagar pelo que acontece nos seus estádios, tenham ou não responsabilidade. São casos de responsabilidade objetiva: o clube é responsabilizado independentemente de quem praticar o ato não ser seu representante.
Esclarecido que o FC Porto SAD pode ser considerado responsável, vejamos se há violação de normas. Uma televisão na cabine dos árbitros, a passar repetidamente as imagens de um golo anulado ao FC Porto, só pode lá ter sido posta para influenciar a equipa de arbitragem. Se tivesse sido colocada em repeat uma música calma para o juiz do jogo relaxar seria diferente, não concorda, caro leitor? Diz o art.º 66, n.º 1 e 2 do Regulamento Disciplinar da Liga: «O clube que exerça violência física ou moral sobre (…) qualquer elemento da equipa de arbitragem como o fim de ou por qualquer outra forma, ocasionar condições anormais na direção do encontro com consequências no resultado (…) é punido (…).»
Ora esta questão da televisão não é certamente violência física. Será moral? Parece que sim, mas vamos esperar para ver o que dizem os órgãos disciplinares, podem chegar a uma conclusão que nos surpreenderá. De qualquer modo, o n.º 4 deste artigo clarifica que a tentativa de influenciar é punida com sanção de derrota e multa. Tendo isto em conta, cremos que apesar da criatividade, ela viola de facto a lei desportiva, e por isso deverá haver punição. E devia ser exemplar. Mas, tal como o caro leitor, tenho muitas dúvidas que algum dia, em Portugal, os três grandes clubes sejam verdadeiramente punidos.
O Direito ao Golo desta semana vai para Miguel Oliveira. O piloto português vai abandonar a classe rainha. Mas teve uma carreira extraordinária: venceu em todas as categorias e teve cinco vitórias na Fórmula 1 das motos. Boa sorte para ele no Mundial de Superbikes!"

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!