"1. Foi num instantinho que a apregoada lufada de ar
fresco que varria o futebol português desde a
deposição do ex-presidente do FC Porto e a entronização do seu jovem e bem-aparentado sucessor
se transmutou numa lufada de ar pútrido e, sem
exagero, moralmente degradado.
2. De uma coisa destas nem o saudoso Francisco
J. Marques se lembraria. Marques, aliás, acaba de
levar uma suprema desconsideração do Tribunal
Constitucional a propósito dos e-mails que divulgou
criminosamente no Porto Canal e que foram classificados pelo juiz que analisou o assunto como
uma “subversão propositada do sentido com o
intuito de fazer crer que estaria em curso um projeto corruptivo quando da sua leitura integral não
se retira a prática de qualquer crime”.
3. Voltemos à lufada de ar pútrido da atualidade e à
morte das reputações. Houve um idiota – provavelmente um grupo de idiotas, porque uma coisa
destas requer colaboração – que, ao serviço do
FC Porto e nas instalações do FC Porto, resolveu
investir, solitariamente ou em grupo, o seu solitário
neurónio em práticas de coação tecnológica dignas
de adolescentes com graves problemas de inserção social.
4. Estes pequenos génios mais os seus pobres neurónios inventaram um método de afligir os árbitros
com recurso a:
1) no balneário do árbitro, uma televisão que não se consegue desligar;
2) reprodução
non-stop de imagens de lances alegadamente mal
ajuizados pelo árbitro em funções no local;
3) uma
equipa-relâmpago para editar os lances em causa
de modo a que o árbitro os tenha em exibição no
seu balneário;
4) uma base de dados com decisões
antigas do mesmo árbitro para comparações desfavoráveis ao trabalho do árbitro.
5. A rapaziada dos pobres neurónios do Dragão 2.0
contou ainda com estes pressupostos:
1) o árbitro
vai morrer de medo;
2) o árbitro não vai filmar com
o seu telemóvel a televisão que está a emitir coação live no seu balneário;
3) o árbitro é cobarde e
não vai escrever nada sobre o assunto no seu relatório;
4) o árbitro vai ficar para sempre no “bolso”
dos interesses do FC Porto.
E, coitados, acreditaram nisto tudo perante a evidência do alegado
poderio de uma nova geração de bandidismo tecnológico que reduziria as escutas do Apito Dourado
à idade medieval.
6. O comunicado do FC Porto e as declarações do
presidente do FC Porto são um conjunto de banalidades genéricas que nem uma vírgula gastou para
negar o inegável.
7. Quer me parecer que esta rapaziada não vai receber o prémio para os funcionários do ano na próxima gala dos coisos. Pobres neurónios solitários,
ninguém lhes dará valor."
Leonor Pinhão, in O Benfica

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