"A segunda volta eleitoral no Benfica, neste sábado, não é uma escolha entre rostos. É uma decisão sobre um número. Um número que, à primeira vista, parece abstrato, mas que define o presente e o futuro competitivo do clube: 500 milhões de euros.
A nova realidade financeira do futebol europeu, descrita nas recentes análises e programas eleitorais, tornou este marco mais do que um objetivo ambicioso. Tornou-o uma obrigação. A UEFA, com o novo quadro de Sustentabilidade Financeira, impõe que, a partir de 2025, apenas 70 por cento das receitas possam ser alocadas a salários, amortizações e comissões. Para um clube como o Benfica, que vive entre a ambição europeia e a pressão interna para vencer sempre, esta regra é uma muralha. E a única forma de a transpor é aumentar receitas. Não há atalhos, não há criatividade que disfarce a matemática.
Com 400 milhões de receita, o Benfica pode gastar 280 milhões no plantel. Mas com 500 milhões, o teto sobe para 350 milhões. Esta é uma diferença que, no mercado atual, representa manter um craque, contratar dois titulares ou simplesmente evitar a sangria anual de talento.
Ao mesmo tempo, o clube tem uma dívida bancária líquida para gerir. Portanto, a pressão de curto prazo exige resultados financeiros imediatos. Mais receitas significam mais folga para pagar juros, para renegociar dívida cara e para evitar vendas forçadas em janeiro. Estes são episódios que os adeptos conhecem de cor e tentam esquecer.
É aqui que esta eleição ganha profundidade. Não se trata de escolher quem promete gastar mais, mas quem sabe gerar mais. Quem percebe que os 500 milhões não são um “slogan”, mas um limiar. Os 500 milhões são uma fronteira que separa um Benfica que reage de um Benfica que lidera.
A alternativa é permanecer no círculo vicioso: vender para equilibrar contas, perder competitividade, reduzir receitas desportivas, voltar a vender. É um ciclo que muitos dos grandes da Europa já abandonaram. O Benfica, porque ambiciona estar entre eles, deve seguir o caminho.
No sábado, os sócios escolhem mais do que um presidente. Escolhem um modelo para o futuro. E, no final, esse futuro resume-se a um número que é, simultaneamente, um desafio e um horizonte: 500 milhões."

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