"Treinador apontou falhas no plantel e está a preparar-se para o mercado de inverno. Continua imbatível a falar, mas poucos teriam estofo para isso com o que se vai vendo no relvado
Mais de um mês após a apresentação de José Mourinho no Benfica, as conferências de imprensa mantêm um elevado nível de interesse e ninguém se pode queixar de falta de assunto ou excesso de frases que não significam nada, mas desconfio que os benfiquistas preferiam ter alguns pontos na Liga dos Campeões.
Em Newcastle, o treinador foi, como se costuma dizer, igual a si próprio. Antes da partida lamentou o ritmo de jogo a que a equipa estava habituada, mas que curiosamente foi suficiente para eliminar o ritmo de jogo do seu Fenerbahçe. Nessa altura, os elogios do então técnico adversário ao plantel encarnado eram gigantescos, mas afinal agora Tomás Araújo tem de ser lateral-esquerdo, não há um extremo como Akturkoglu e não se faz substituições porque não se vê melhor no banco. Nada de novo no modus operandi: no passado Mourinho quis responsabilizar o Benfica frente aos turcos, no presente quer abrir caminho para os reforços de inverno.
No atual momento do clube da Luz, dificilmente outro treinador teria estofo para apontar defeitos internos quando ainda não convenceu em campo e sem abanar os alicerces de uma estrutura em campanha.
Depois do maior investimento de sempre no mercado de verão, e com eleições pelo meio, o treinador cujo maior feito até agora neste regresso à Luz foi não perder no Dragão olha para janeiro como a primeira oportunidade que tem para fazer a diferença. Sobre isso, disse ontem Rui Costa ainda em Newcastle que só falará internamente, mas qualquer presidente ou candidato que vença nas urnas no próximo sábado ou na segunda volta estará obrigado a agradar ao melhor técnico português de sempre.
É verdade que qualquer argumento sobre falta de qualidade do plantel na realidade portuguesa não poderá ser uma bandeira que Mourinho levantará muitas vezes contra equipas com orçamentos muito, muito reduzidos. E ele sabe-o, pelo que na antevisão do jogo da Taça de Portugal frente ao Chaves preferiu referir não muito ao de leve a polémica final do Jamor na época passada. Internamente, a arbitragem rende muito mais. Lá fora o problema é que os outros são muito fortes e têm melhores jogadores.
Quando Mourinho voltou ao Benfica, muito se debateu quão diferente está o treinador outrora temido por toda a Europa. Na minha opinião, curiosamente não vejo grandes diferenças no discurso. Os mind games estão lá, a respeitável arrogância também. O que mudou mesmo muito é o que vemos no relvado depois ou antes de Mourinho falar."

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