"O Benfica chegou às 11 vitórias em 11 encontros na temporada, ganhando, por 1-0, em Famalicão. Na discreta estreia de Draxler, a equipa de Roger Schmidt teve diversas oportunidades de golo, mas o guardião Luiz Júnior esteve em grande, só sendo batido por Rafa após assistência de Grimaldo
A decisão de fazer um Mundial no Catar em novembro e dezembro — numa competição atribuída de forma comprovadamente corrupta e manchada de sangue e desrespeito pelos direitos humanos, nunca é exagero sublinhar — levou a um engarrafamento de jogos nesta primeira metade de temporada no futebol europeu. Com a necessidade de disputar o que antes se realizava quase até ao meio de dezembro até ao começo de novembro, os encontros sucedem-se numa sequência difícil de acompanhar.
Em 2022/23, todas as semanas parecem semanas europeias, o que antes era exceção agora é norma, o jogar de três em três dias é a rotina de quem disputa as competições da UEFA. Por isso, praticamente todas as jornadas da Liga estão encaixadas entre duelos da Champions ou Liga Europa, com a tão famosa mudança de chip a ser obrigatória à mesma velocidade com que uma quarta se transforma num sábado.
Em Famalicão, com o sol a aquecer, as memórias do Maccabi frescas e as expectativas face à Juventus nos cantos da mente, o Benfica teve uma tarde que, em muitos aspetos, cumpriu o guião das exibições pós-europeias, que antes ocorriam de duas ou de três em três semanas e que agora se encavalitam ronda após ronda.
Houve alguma lentidão e imprecisão e, para piorar o cenário, um guardião do outro lado altamente inspirado. Luiz Júnior, o defensor das redes do Famalicão, fez seis defesas, várias delas de nível de dificuldade elevado, adiando o golo dos visitantes perante a quase inexistência ofensiva dos locais.
Para chegar à 11.ª vitória em 11 desafios da época e continuar com o arranque perfeito de Roger Schmidt, o Benfica socorreu-se de uma das suas duplas mais em forma. Rafa e Grimaldo deixaram de ser vizinhos de corredor esquerdo, com o português a passar a ser vagabundo de zonas centrais, mas o afastamento físico não tem levado a desconexão futebolística.
O espanhol levanta a cabeça, a canhota mete a bola onde o olhos detetaram, o português movimenta-se mais agressivamente que no passado, golo. Foi fórmula vista contra o Maccabi que se voltou a repetir em Famalicão para a única finalização que levou a festejo da tarde.
Antes e depois do golo, o Benfica esteve cómodo defensivamente — o Famalicão só por uma vez incomodou verdadeiramente Vlachodimos —, com 70% de posse de bola, mas um futebol não muito fluído. Com João Mário e Gonçalo Ramos castigados, Schmidt apostou em Musa e Draxler, mas a estreia do campeão do mundo foi discreta.
Partindo da esquerda, com a função habitualmente de João Mário, o alemão esteve pouco dinâmico e ativo. Sem jogar desde março, e sem fazer os 90 minutos num encontro desde agosto de 2021, o natural peso da falta de atividade fez-se sentir sobre o mais mediático dos reforços que chegaram à I Liga neste defeso.
A única aparição de relevo de Draxler surgiu aos 28', quando o jogador cedido pelo PSG recebeu uma bola longa de Neres e serviu Musa, que assistiu Enzo Fernández para defesa de Luiz Júnior, o homem que mais foi complicando a vitória do Benfica.
O guardião do Famalicão começou a destacar-se logo aos 4', evitando o golo de David Neres, que voltou a ver o compatriota de 21 anos defender um remate seu aos 41'. O futebol do Benfica nunca foi particularmente ligado ou preciso, mas as ocasiões que iam surgindo eram resolvidas por Luiz Júnior.
Do outro lado, só em cima do intervalo os locais incomodaram. Após perda de bola do Benfica, Ivo Rodrigues assistiu Zaydou Youssouf, que rematou forte e colocado. Vlachodimos, com uma excelente estirada, impediu o 1-0. Não mais o grego foi seriamente perturbado no embate.
Ao intervalo, e sem surpresa de maior, Roger Schmidt tirou Draxler para colocar Diogo Gonçalves. No arranque do segundo tempo, Musa e Neres voltaram a encontrar espaço, mas o inimigo do costume estava na baliza do Famalicão para adiar o golo.
A inegável superioridade do Benfica só se materializou aos 63'. Grimaldo olhou e cruzou, Rafa conjugou a sua velocidade com instinto matador para atacar a bola e finalizar com êxito. Foi a terceira assistência do espanhol e o quinto golo do português nesta sorridente arranque de época para as águias.
Em vantagem, o Benfica foi gerindo a partida, sem incomodar muito mais Luiz Júnior mas sem sofrer qualquer sobressalto. O Famalicão ia-se perdendo entre tentativas de ligar o jogo ou de bater direto na frente, mas nem as bolas despejadas na área tiveram propriamente nexo.
Para que o Benfica não sofresse no final, muito contribuiu a solidez da dupla formada entre Otamendi e António Silva. Se a liderança e agressividade do argentino não surpreendem, a inteligência e serenidade do português de 18 anos continuam a ser de assinalar.
Entalada entre os duelos contra Maccabi e Juventus, como entre partidas europeias estarão muitas jornadas desta I Liga até novembro, a visita a Famalicão poderia ser traiçoeira para o Benfica. Luiz Júnior empenhou-se nisso, mas o estado de graça de Rafa e Grimaldo prolongou a felicidade dos líderes do campeonato."
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