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terça-feira, 5 de novembro de 2019

O eterno número 10

"Três toques na bola bastaram para que Rui Costa convencesse Eusébio da sua qualidade

A numerologia assinala que o número 10 'representa perfeição e totalidade'. O futebol parece corroborar essa indicação, sendo o número ostentado pelos estrategas das equipas, os jogadores com mais qualidade técnica, que parecem desenhar uma jogada mesmo antes de a bola lhes chegar aos pés. O 10 de Pelé, Maradona, Zico... e também de Rui Costa.
Aos seis anos, já tinha traçado dos planos para o seu futuro: 'ou ia ser jogador de futebol ou jogador de futebol'. Determinado nesse objectivo, quando tinha nova anos, o seu pai levou-o a treinar no Benfica. A tarefa não se adivinhava fácil, 'éramos 500 miúdos'. Para além de ter de se destacar entre meio milhar, havia o facto de estar a ser observado por uma lenda do clube do seu coração, Eusébio. O 'Pantera Negra', como treinador adjunto do sector juvenil, estava incumbido de seleccionar os jogadores.
Por forma a que todos tivessem oportunidades, ficou estabelecido que seriam escolhidos 22 jogadores de cada vez para jogar 10 minutos. Tudo parecia correr dentro da normalidade até que, cinco ou seis minutos após ter começado a jogar, Rui Costa foi 'o único que Eusébio mandou sair'. O pequeno Rui não aguentou, confessando: 'fartei-me de chorar porque achei que tinha sido mesmo muito fraco para não me deixarem ficar mais tempo'.
As lágrimas dariam lugar a um sorriso rasgado quando o 'Pantera Negra' pediu ao meu pai para o levar no dia seguinte para treinar com os infantis do Benfica - 'afinal, as três vezes que tocou na bola foram suficientes para Eusébio'.
O jogador rapidamente se impôs. Na época 1982/83, venceu o Campeonato Distrital de Infantis, feito que viria a repetir na temporada seguinte. A conquista foi concretizada frente ao CAC Pontinha, numa partida em que a imprensa ficou rendida às suas qualidades: 'dava gost ver actuar a equipa benfiquista e um nome há a fixar - Rui Costa. (...) Sempre que a bola ia a seus pés, algo saia perfeito, desde o drible, o cobrir o esférico, a progressão e a visão de jogo, endossando a bola ao colega mais indicado no momento próprio, com passes largos e bem medidos'.
A sua enorme qualidade resultou em títulos em todos os escalões, excepto no de juvenis. Na época 1991/92 chegou finalmente o momento de apresentar o seu futebol de 'régua e esquadro' na equipa de honra dos 'encarnados'. Encantou os adeptos benfiquistas, festejou a vitória na Taça de Portugal na temporada seguinte e foi peça fundamental na conquista do Campeonato Nacional 1993/94.
saiba mais sobre um dos brilhantes 'número 1' da história do futebol na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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