"Uma característica fascinante no adepto do futebol é a facilidade com que interroga as opções do treinador. À excepção da minha mãe, estudiosa consagrada em qualquer área - médica enfermeira quando adoeço, cheffe de cozinha quando tenho fome, doméstica quando viro a cara do avesso - é raro encontrar alguém tão entendido numa temática para qual não tem formação como o adepto da bola. É certo que o futebol não é uma ciência, o que abre as portas aos treinadores de bancada. Tal como é certo que o treinador (o real) conhece os atletas melhor do que ninguém, o que deveria trancar as portas a treinadores de bancada. Como é evidente, eu pertenço ao grupo dos que avançam a porta e falam sem habilitação para o fazer. Tenho um inestimável carinho por Fernando Santos. Estar-lhe-ei eternamente grato pela quota-parte num dos momentos capitais do futebol português: a vinda de Óscar Cardozo para o Benfica. Todavia, deve referir o seguinte: recordo-me da explicação do Engenheiro ao deixar André Almeida fora de um convocatória, em 2015. 'Um dos critérios é ter jogadores de raiz nas posições', justificava. Poderia até fazer sentido, não fosse Fernando Santos o mesmo homem que ganhou um Europeu com Vieirinha (extremo de raiz) a lateral direito na fase de grupos, e esta época já chamou Ricardo Pereira (extremo de raiz) e Fábio Coentrão (ora nem mais, extremo de raiz), para alinharem como laterais. Aí não compreendo, porém, noutra posição, sou solidário. Para médio-ala, Bernardo Silva e João Mário dão garantias, mas as segundas linhas não: André Gomes e Bruno Fernandes são peixes fora de água no corredor. Contudo, não há muito por onde escolher. Se ao menos o Pizzi fosse português..."
Pedro Soares, in O Benfica
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