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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O maestro que também toca piano

"Sobre ele não há a menor suspeita de ter mais afectos do que os merecidos. Nunca foi um bem amado. Impensável substituto de Enzo Pérez no Benfica de 2014/15, foi sempre um jogador com défice de carinho e, em muitos casos, de mero reconhecimento exterior pelo nível que atingiu. Pizzi que, na temporada passada, assumiu o surpreendente papel de interlocutor das estrelas mais brilhantes da constelação encarnada (Salvio, Gaitán, Jonas e Lima), superou as dúvidas e exerceu influência determinante no arranque para o título, desempenhando um papel que, até então, lhe era desconhecido. O treino e o jogo constituíram refúgio de inspiração e encaixe para as considerações menos abonatórias de quem o viu e analisou como figura menor. O arranque da nova época não confirmou logo a excelência do que já conseguira. Precisou de uma oportunidade à 11.ª jornada, em Braga, para se tornar titular indiscutível, precisamente na fase que deu início à retoma benfiquista na Liga.
Os relâmpagos de talento que emite não são enquadrados pelo engano mas pela perfeição. Não é o drible deslumbrante, o truque ou a mentira avulsa que melhor o caracterizam; a sua especialidade é manter a equipa a funcionar, agregando a esse lado mais mecânico a sumptuosidade de o fazer vendo buracos onde quase todos só vêem muros inexpugnáveis. Se o toque está para o futebol como a palavra para a sociedade, Pizzi é um fantástico promotor de diálogo. Dele não se devem esperar malabarismos retóricos mas o primor de uma intervenção sábia, com excelentes resultados práticos. Resta agora saber o que fará Rui Vitória quando em vez de estratégia pretender talento individual, verticalidade e desequilíbrio; quando em vez de um pensador disfarçado quiser velocidade pura junto às linhas; no fundo, quando achar que deve abdicar de uma solução mais elaborada e paciente por outra mais instantânea e contundente que contemple a utilização de Gaitán, Salvio, Gonçalo Guedes e Cervi.
No Benfica de Rui Vitória, Pizzi é o maestro desviado do centro do palco; o cérebro que dirige a orquestra a partir de zonas laterais, de onde concebe e executa em nome de harmonia, coesão e talento. Porque tem ampla visão periférica e entende o jogo como um todo, feito de vasta cadeia de acontecimentos que convém antecipar, a esmagadora maioria dos foguetes que faz estrepitar tem conotação colectiva. Porque entende o futebol e as suas chaves como desporto em que cada um precisa de todos para se realizar na plenitude, funciona como gestor da manobra global ainda que, nas novas tarefas que lhe foram conferidas, seja frequente vê-lo em acções mais avulsas, na exploração do flanco. Pizzi não administra o jogo dos flancos como fazia David Beckham, para quem um simples pontapé na bola abreviava quatro ou cinco passos na aproximação à baliza. O transmontano sai do flanco para dentro (sugerindo a subida do lateral) e vai trocando a bola à espera do momento para fazer a diferença, tomando quase sempre as melhores decisões à custa de um notável instinto simplificador.
Quando chega à linha de fundo, levanta a cabeça e coloca a bola para o último toque. Pizzi acrescenta dotes de solista aos que revela com a batuta na mão. Sendo o denominador comum das soluções criativas, exerce fora do lugar mais próprio (o meio do terreno) mas, em vez de se diminuir, acrescenta argumentos ao vasto reportório de músico excepcional: toca piano com a eloquência dos grandes executantes e, se for preciso, como agora se viu ao selar o triunfo no Estoril anuncia a festa ao toque do bombo - e vão 5 golos na Liga, lançando vitórias sobre Sp. Braga, V. Setúbal e Marítimo. Se Renato Sanches é o motor que põe a máquina a funcionar e lhe confere coesão atrás e soluções à frente, Pizzi é um gerador e multiplicador de futebol no último terço do campo. Tornou-se um jogador precioso."

3 comentários:

  1. Não é grande cartão de visita ter uma crónica favorável num pasquim como o rascord.

    Pizzi não pode ser uma vaca sagrada do Benfica - é apenas + 1 bom jogador q está num bom momento de forma.

    Adjectivos como "maestro", "talento" ou "perfeição" devem-nos fazer suspeitar q aqui há gato... verde...

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  2. O Rui Dias anda a ler o Indefectível por acaso? Se não anda parece. Então agora o Pizzi já é maestro e tudo? Este há com cada um. É o que eu digo. Não existe meio termo com esta malta.
    Querem todos empolar para a fazerem parecer maior. Seja para que lado for. Estar na média é que não pode ser. Haja paciência.

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  3. ...os cabrões lagartos do record.....ANDAM BORRADOS.....SABEM QUE O PAÇOS SE GANHAR,DÁ O ESTOIRO NOS FILHOS DA PUTAS DOS OSGAS...

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