"Importa ter cuidado com a selecção albanesa, sofreu poucos golos e está a um passo de concretizar um sonho.
1. Nestes dias sabemos bem a que horas joga a nossa selecção nacional. É às oito menos um quarto. Em rigor às sete e quarenta e cinco. Tal como os jogos da Liga dos Campeões. Esta é a hora do futebol de primeira: Da Liga e das selecções. Antigamente, no meu tempo do Colégio Militar, os jogos eram às três ou às quatro horas da tarde. Todos. E já no final da tarde de domingo, poderia comprar, antes de reentrar naquele espaço que me moldou como jovem, o então Diário Popular e saber as equipas e os golos da jornada. De toda a jornada. Agora o futebol vai de sexta a segunda. As horas variam. E agora até há, pela primeira vez, jogos em dia de eleições. As competições europeias determinam, que neste quatro de Outubro, os três grandes joguem no dia das eleições. Para ser sincero, e na linha de um grande e ponderado amigo que conhece, e muito bem, o futebol e 'todas as suas gentes', o calendário desse domingo poderia não envolver os três grandes. Mas parece que houve um 'pacto de solidariedade'! Todos no domingo. Todos a quatro. De Outubro. Dia certo para a decisão quanto ao futuro Parlamento e conexamente quanto ao futuro Governo de Portugal.
2. Teremos algumas dúvidas acerca dos dias dos jogos das selecções e dos nossos clubes e logo ficamos surpreendidos ao saber que jogamos, amanhã, segunda feira contra a difícil selecção da Albânia. Mas a gestão dos jogos pela UEFA também envolve as suas transmissões televisivas. Que são rigorosamente organizadas. Em razão das televisões. Sabendo que sábado e domingo pode haver jogos às cinco da tarde. E outras à hora habitual, às oito menos um quarto. Que é na Europa um produto atractivo em razão da diferença horária. Uma hora mais! Logo jogo ao princípio da noite! Mas importa ter cuidado com esta selecção albanesa. Sofreu poucos golos - apenas dois - e está a um passo de concretizar um sonho: marcar presença na fase final de uma grande competição do futebol europeu. Esperamos que em disputa directa com a Dinamarca a partir da noite de segunda feira. Mas basta olharmos para o quadro da Liga Europa para percebermos que a Europa dita do Leste - a Europa oriental- está a chegar às fases de grupos das principais competições europeias. Com duas equipas do Azerbaijão! E o Benfica bem o percebeu já que jogará contra o campeão do Cazaquistão, o Astana. E com o jogo a disputar-se a 25 de Novembro, num campo sintético e com uma temperatura que será, se não houver significativa alteração climática, bem negativa! Há mudanças na Europa do futebol. Não tantas quantas àquelas que o drama dos refugiados estará a provocar. Com as nossas almas em dor com imagens que jamais esqueceremos!
3. Mas o quadro da Liga dos Campeões evidencia-nos duas realidades que importa não ignorar. Das trinta e duas equipas envolvidas na fase de grupos vinte e uma repetem a presença. Ou seja 65%! O que mostra que começa a haver uma clara hierarquia de participantes na principal competição europeia. Há clubes com presença certa. Entre outros, os grandes de Espanha, de Inglaterra (aqui com o United a substituir o Liverpool), os alemães Bayern e Leverkusen (com o Dortmund a disputar a Liga Europa este ano), o francês PSG, a Juventus e a Roma, o Zenit e o CSKA e os nossos Benfica e Futebol Clube do Porto são presenças confirmadas. Mas se olharmos para as três grandes ligas - espanhola, inglesa e alemã - elas representam 40% dos clubes participantes nesta fase de grupos da Liga dos Campeões. Com a Espanha a ter cinco representantes em razão do Sevilha ter conquistado, uma vez mais, a Liga Europa! As novidades, para além do Astana, são, esta época, o Dínamo de Zagreb, o Dínamo de Kiev, o Gent e o PSV Eindhoven. Ou seja nas conhecidas ligas intermédias há mudanças com a não presença dos habituais Ajax e Anderlecht. E com a nota que há dois anos que o Celtic, o escocês Celtic, só chega à Liga Europa. Importa olhar para os quadros e perceber que há estabilidade nos grandes e alguma instabilidade em ligas intermédias que são, também elas, e os seus clubes, 'exportadoras de jogadores'. Ou, em rigor, 'grandes exportadoras'. E, aqui, entra, necessariamente, a nossa Liga. Como acabámos de constatar neste mercado de verão. O que implica uma reflexão estratégica por parte da nova Direcção da Liga de Clubes. Seja dos representantes dos grandes clubes seja, igualmente, daqueles, como Guimarães ou Rio Ave, que, este ano, se ficam pelas competições internas. Mas os quadros aí estão. Para ver e para ler! Com a atenção que esta importante indústria já exige. Para além da hora e dos dias dos jogos. E, também, e já agora, do canal que os transmite! E já lá vai o tempo, tanto tempo, em que o futebol tinha a sua hora e não outra. Tudo mudou. Mas a hierarquia do futebol europeu está a sedimentar-se. Talvez seja conveniente não ignorar os números. Aqueles números. Sessenta e cinco por cento de repetentes e quarenta por cento das três grandes ligas! Dados que a 4 de Outubro se não verificarão. A não ser nos números da abstenção!"
Fernando Seara, in A Bola
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