"Pinto da Costa nunca deixou que o perfil de um treinador se lhe colasse à pele. Vieira, pelo contrário, já tem tatuada em toda a sua história a silhueta de Jesus. Não é agora, seis anos depois, que Vieira poderá apagar as marcas de uma relação demasiado cerrada, para o bem ou para o mal. Este ano foi o bicampeonato. Pinto da Costa já saiu da toca do silêncio para defender o treinador que lhe assegura o acesso ao segundo mercado espanhol.
Da mesma forma que, no passado, apontei o erro de manter Jesus, pelo risco de deixar de se discernir onde acaba o mérito de uma estrutura eficaz e começam os milagres de um treinador a longo prazo, não posso deixar de sublinhar que seria um risco desnecessário deixar Jesus sair agora, por uma diferença absurda de algumas centenas de milhares de euros.
O deserto de vitórias deste ano, e a agonia da mística criada nas últimas décadas, deixaram o presidente do FC Porto à beira do abismo. Com um terceiro título consecutivo para o Benfica, Pinto da Costa dará o derradeiro passo em frente.
Irá Vieira pôr em risco essa oportunidade de ouro, em ano de eleições no clube da Luz?
P.S. - O Real Madrid despachou mais um treinador competente, depois de uma época em que nada ganhou. Desde há muito que este clube imperial acha que um punhado de estrelas faz uma equipa. Não faz. Felizmente para a metáfora que a vida faz do futebol. Quando a avidez exagera a carga de estrelas em campo, a constelação cria um buraco negro que suga a vontade colectiva de vitórias. Assim foi quando Beckham tornou exagerada a sorte de ter Figo e Zidane. Assim é quando uma equipa de futebol gira em torno de uma alma de tenista, que habita Cristiano Ronaldo."
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