"O Conselho de Justiça da FPF deu como provado que o FC Porto provocou, dolosamente, o atraso do início do jogo que disputou, para a Taça da Liga, com o Marítimo. Mas, num acórdão que constituirá preciosa doutrina para os vindouros, nem que seja a contrario sensu (e se calhar também para alguma stand up comedy...) os doutos conselheiros plasmaram que não se provou que essa acção dolosa visava o prejuízo de terceiros, neste caso, do Sporting, parte interessada no apuramento para as meias-finais da Taça da Liga. Trata-se, de uma conclusão imaginativa, porque consagra o princípio do crime sem vitima.
A justiça, em Portugal, não passa por um bom momento, a crise limita ainda mais os meios ao serviço da lei e uma série de prescrições em casos mediáticos arrasta pela lama e credibilidade de um dos pilares da nossa sociedade. Infelizmente, também no futebol, onde todas querelas jurídicas são altamente publicitadas, das decisões dos Conselheiros de Disciplina e Justiça não resultam quaisquer ganhos para a imagem do sector.
Veja-se, por exemplo, o castigo a Luís Filipe Vieira que, carregado de razão, falou contra o árbitro do Benfica-Belenenses, disputado há 24 semanas: dois meses de suspensão. Mas o presidente do SC Braga que, carregadíssimo de razão se atirou ao árbitro do Rio Ave-SC Braga da Taça da Liga, em termos ainda mais pejorativos, passou entre os pingos da chuva da justiça desportiva.
São situações destas que fazem com que se olhe para os membros dos órgãos disciplinares do futebol sem a consideração que as suas atribuições normalmente justificariam. É por isto que o Conselho Superior da Magistratura não gosta de ver juízes na Justiça do futebol. Nem nos camarotes..."
José Manuel Delgado, in A Bola
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