"Vi jogar o Eusébio vezes sem conta: é um privilégio da minha idade, que é também a idade de Eusébio da Silva Ferreira, da extracção de 1942. Naquele tempo, o Benfica era das poucas alegrias do povo e Eusébio veio acrescentar alguma coisa ao regozijo que era uma vitória com as cores do Benfica nas camisolas. Quem não viu jogar o Eusébio perdeu alguma coisa que jamais terá: quando ele pegava na bola e arrancava na direcção da baliza contrária começava a festa no Estádio, que frequentemente explodia no momento da concretização. Eusébio era o futebol no seu melhor: técnica, força, talento, habilidade, sentido do jogo e da baliza, potência e colocação do remate. Não há ninguém que se compare a Eusébio. Vi ao vivo ou pela televisão muitos dos melhores jogadores de futebol moderno, não vi ninguém como Eusébio.
A última vez que vi Eusébio foi há menos de dois meses. Lá estava ele, com a modéstia que só os melhores são capazes de ter, a falar das grandes paixões da sua vida: a mulher e as filhas, o Futebol, e o Benfica. Falava com a bonomia própria das grandes almas e contava histórias da sua vida e da glória do seu Clube, falava dos companheiros de equipa, do Senhor Coluna e dos outros, de adversários da sua constelação - Yashin, Di Stéfano, Puskas, Pelé -, contava episódios com grande sentido de humor, relatava acontecimentos com vivacidade plena da memória, nos quais convivia com naturalidade com grandes sucesso do Futebol.
Agora vou fixar esse encontro como a última vez que vi Eusébio. A última, até à próxima. Porque esse encontro, no qual Eusébio parecia mesmo que estava ali, aconteceu numa visita ao Museu Cosme Damião, onde Eusébio continua e vai continuar vivo."
João Paulo Guerra, in O Benfica
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