"Saber pensar e gerir. E, quando foi caso disso, reagir em tempo. Foi assim o Benfica em Bordéus, numa partida em que os encarnados controlaram efectivamente mesmo que a equipa francesa tivesse entrado com outras ideias. O colectivo das águias prevaleceu e supriu até as debilidades que as ausências de Luisão e Garay pudessem gerar. Ganhou bem e passou melhor.
Pode ter-se a tentação de falar de um Benfica reactivo o que nem estará absolutamente errado, mas também deve encarar-se isto como consequência de uma escolha deliberada. Jorge Jesus tinha um problema em toda a zona defensiva, pois ser obrigado a recorrer a Roderick e Jardel para o eixo, implicava um risco inevitável.
E notou-se naqueles 20 minutos iniciais do desafio, em que o Bordéus tentou anular rapidamente a desvantagem que levara de Lisboa. Valeu Artur por duas vezes (é, sem dúvida, uma mais valia) e valeu ainda a acção de Matic e Enzo que, durante todo aquele período, estavam mais preocupados com o que se passava atrás do que com aquilo que tinham pela frente.
Mas a verdade é que quando o Benfica desenhou a primeira grande jogada de ataque, o sentido da partida mudou. Aquela abertura de Gaitan para Salvio, que obrigou Carrasso a uma grande defesa, constituiu o ponto de viragem. Nem sequer espantou o golo inaugural de Jardel, nascido de bola parada (um dos calcanhares de Aquiles do Bordéus). Foi a sentença final na eliminatória - não no jogo -, pois ninguém via na equipa francesa capacidade para marcar três golos na segunda parte e, ainda mais difícil, não sofrer mais algum.
Viu-se, em toda a segunda metade, que o Bordéus não sabia fazer mais do que despachar a bola para Diabaté e esperar que ele resolvesse o problema, porque do ponto de vista da construção (ou articulação) de jogo, o Benfica comandava as operações, determinando qual a cadência que as coisas deviam ter. Daí que não surpreenda que os dois golos do Bordéus fossem resultado de dois erros individuais (Jardel esteve no mais e no menos do encontro), caso contrário os franceses habilitavam-se a ficar em branco.
Jesus aproveitou para reorganizar (ou refrescar, ou poupar) as hostes - Guimarães está aí - , salvaguardando Salvio e Ola John, mas seria o lançamento de Cardozo o factor fulcral. O paraguaio funcionou como a gazua nos momentos exactos e foram dois, em que o Benfica necessitou de repôr a realidade no lugar. Dois golos com carga técnica (o primeiro deles a fazer lembrar o de Leverkusen) que não deixaram o Bordéus, sequer, saborear as igualdades alcançadas. Cardozo pode ter muitos defeitos, mas quando a veia de "matador" vem ao de cima é implacável.
O Benfica passa a ser o único sobrevivente português na Europa. Com as vantagens e desvantagens inerentes a uma equipa que lidera o campeonato interno e, consequentemente, está na luta pelo título com o FC Porto. A primeira avaliação da "nova era" será feita já no domingo. Mas antes há um sorteio em Nyon que coloca múltiplas e diferentes opções no caminho. A partir de agora tudo será ponderado com pinças. Até porque a definição da estratégia imediata também depende do que as bolinhas ditarem."
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