"O futebol, o maior desporto do Mundo, é o mais reaccionário. Querem ajudar os árbitros? Ponham os olhos no râguebi
Portugal não está bem servido de árbitros. Dos que apitam as competições há dois ou três muito bons, meia dúzia razoáveis e os restantes praticamente inapresentáveis. Esta fragilidade ficou a nu recentemente quando um árbitro dos Distritais dirigiu, sem problemas de maior, o Beira-Mar - Sporting, mostrando que os processos de selecção e progressão na carreira estão longe de ser os melhores.
Diria que, em Portugal estamos tão mal servidos de árbitros como em Espanha, onde semana após semana os casos de incompetência se sucedem...
Mas, no nosso País, mais caóticos, ainda, do que o labor do árbitro, strictu sensu, são os árbitros assistentes, verdadeiras armadilhas dos seus chefes de equipa.
Reparando com atenção, verifica-se que os casos mais polémicas desta época ano resultaram de acções ou omissões dos assistentes, que só atrapalharam.
Sei que ser aquilo que antigamente se classificava de fiscal-de-linha, antes ainda de bandeirinha e nos primórdios de liner, não é nada fácil, há que analisar lances de offside milimétricos, daí que deva dar-se toda a tolerância nessas circunstâncias. Agora ver, por exemplo, um fora-de-jogo como o que ontem, no Benfica-Académica, foi tirado a Nolito, que estava em jogo mais de um metro, vai para além da compreensão. Há limites para a incompetência que não podem ser, impunemente, ultrapassados. E, num caso como o acima referido, falo de uma situação fácil, sem dúvida, com visão do assistente completamente desimpedida.
Se ser assistente, especialmente nos já aludidos casos de fora-de-jogo milimétricos, é altamente difícil, ser árbitro seria muito mais simples se os meios à disposição da arbitragem fossem alterados. Além das situações da linha de baliza (apesar da vergonha que foi o golo anulado a Lampard, no Mundial de 2010, no Inglaterra-Alemanha, nada foi feito pelo International Board!), outras há, de cariz disciplinar (agressões que nenhum dos árbitros vê), nos casos de erros mecânicos (por exemplo falta dentro ou fora da área), ou em casos de erros grosseiros que podem ser emendados em tempo útil em que, em nome da verdade desportiva, a introdução dos meios áudio-visuais torna-se imperativa.
O futebol, o maior desporto do Mundo, é o mais reaccionário e aquele que mais tem a aprender com outras modalidades.
John MacEnroe, se jogasse agora, não teria razões para discutir tantas vezes com os árbitros, graças ao olho de águia que diz se a bola foi dentro ou fora; e alguém imagina Fórmula 1, Atletismo ou Natação, sem auxílio de meios electrónicos?
Mais fácil ainda: basta acordar cedo e ver alguns jogos do Mundial de râguebi que decorre na Nova Zelândia para se perceber e eficácia do vídeo-árbitro, que em nada prejudica o ritmo das partidas.
..."
José Manuel Delgado, in a Bola
Portugal não está bem servido de árbitros. Dos que apitam as competições há dois ou três muito bons, meia dúzia razoáveis e os restantes praticamente inapresentáveis. Esta fragilidade ficou a nu recentemente quando um árbitro dos Distritais dirigiu, sem problemas de maior, o Beira-Mar - Sporting, mostrando que os processos de selecção e progressão na carreira estão longe de ser os melhores.
Diria que, em Portugal estamos tão mal servidos de árbitros como em Espanha, onde semana após semana os casos de incompetência se sucedem...
Mas, no nosso País, mais caóticos, ainda, do que o labor do árbitro, strictu sensu, são os árbitros assistentes, verdadeiras armadilhas dos seus chefes de equipa.
Reparando com atenção, verifica-se que os casos mais polémicas desta época ano resultaram de acções ou omissões dos assistentes, que só atrapalharam.
Sei que ser aquilo que antigamente se classificava de fiscal-de-linha, antes ainda de bandeirinha e nos primórdios de liner, não é nada fácil, há que analisar lances de offside milimétricos, daí que deva dar-se toda a tolerância nessas circunstâncias. Agora ver, por exemplo, um fora-de-jogo como o que ontem, no Benfica-Académica, foi tirado a Nolito, que estava em jogo mais de um metro, vai para além da compreensão. Há limites para a incompetência que não podem ser, impunemente, ultrapassados. E, num caso como o acima referido, falo de uma situação fácil, sem dúvida, com visão do assistente completamente desimpedida.
Se ser assistente, especialmente nos já aludidos casos de fora-de-jogo milimétricos, é altamente difícil, ser árbitro seria muito mais simples se os meios à disposição da arbitragem fossem alterados. Além das situações da linha de baliza (apesar da vergonha que foi o golo anulado a Lampard, no Mundial de 2010, no Inglaterra-Alemanha, nada foi feito pelo International Board!), outras há, de cariz disciplinar (agressões que nenhum dos árbitros vê), nos casos de erros mecânicos (por exemplo falta dentro ou fora da área), ou em casos de erros grosseiros que podem ser emendados em tempo útil em que, em nome da verdade desportiva, a introdução dos meios áudio-visuais torna-se imperativa.
O futebol, o maior desporto do Mundo, é o mais reaccionário e aquele que mais tem a aprender com outras modalidades.
John MacEnroe, se jogasse agora, não teria razões para discutir tantas vezes com os árbitros, graças ao olho de águia que diz se a bola foi dentro ou fora; e alguém imagina Fórmula 1, Atletismo ou Natação, sem auxílio de meios electrónicos?
Mais fácil ainda: basta acordar cedo e ver alguns jogos do Mundial de râguebi que decorre na Nova Zelândia para se perceber e eficácia do vídeo-árbitro, que em nada prejudica o ritmo das partidas.
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José Manuel Delgado, in a Bola
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