"Muito se debate sobre como atrair os mais novos a ver 90 minutos de um jogo sem se distraírem ou aborrecerem. Marcar clássicos para as 21:15 e ninguém querer perder certamente não ajuda...
Num mundo recheado de ecrãs, informação e contra-informação, quem descobre como captar a atenção sai vencedor. É assim com vários tipos de conteúdo e o futebol só pode ser considerado exceção graças a um conjunto de maluquinhos, chamados adeptos, que de vez em quando se revoltam contra Superligas e outras tentativas de estragar o jogo pelo negócio.
Mas não nos enganemos com romantismos: o negócio existe e é preciso valorizá-lo. Por cá, é difícil encontrar melhor oportunidade para isso do que o FC Porto-Benfica do passado domingo. De um lado, os dragões que estavam sem perder pontos e com um futebol entusiasmante; do outro, as águias de José Mourinho, cujo nome ainda vale a compra de muitos bilhetes. Era complicado estragar isto, mas assim foi.
Marcar o clássico para as 21:15 foi o primeiro passo. Bem sei que a luta de audiências é feroz ao domingo à noite, mas nada desculpa que se despreze assim este produto, afastando crianças, famílias, adeptos que moram longe do Dragão e qualquer um que não quisesse ou pudesse ficar acordado até tão tarde para ver o jogo que todos queriam ver.
Depois, Farioli e Mourinho não ajudaram nada. Aquele 0-0 entrou diretamente para o top de clássicos que vamos todos esquecer rapidamente. Nesta altura do campeonato bem podem argumentar que o importante era não perder, mas se isto é o melhor que o futebol português tem para mostrar então ninguém fica a ganhar.
Quem viu tudo, 90 minutos mesmo a olhar para o campo sem distrações, sabe que não foi só um jogo «taticamente rico», em que as equipas se «encaixaram». Foi uma seca.
O resultado é que interessa, pois claro, e aí sorriu mais o Benfica, que apesar de precisar de ganhar pontos aos rivais tinha noção da distância qualitativa para o FC Porto nesta fase. Os azuis e brancos voltaram a não sofrer golos, mas Farioli deverá questionar-se se substituir Gabri Veiga por Pablo Rosario em vez de Rodrigo Mora não foi a primeira vez que interpretou mal o sítio onde está.
Contas feitas, ninguém saiu mal visto do sonolento clássico e o empate em Alvalade também ajudou a que não se clamasse por mais pontos. Do Dragão saiu um FC Porto ainda invicto e um Benfica mais competitivo. Teremos de esperar mais uma volta por nova oportunidade de espetáculo.
Para já, julgo que este jogo poderá passar em ecrãs sempre que se volte a debater como atrair os jovens a ver 90 minutos sem se distraírem ou aborrecerem. Fica como exemplo do que não fazer."

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