Últimas indefectivações

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Todos! Todos! Todos!


"O lema do saudoso papa Francisco, majestosamente dirigido à humanidade, e tão ignorado por muitos que se dizem cristãos, podia, metaforicamente, ser transposto para o actual momento do Benfica.
A violência e o insulto são sempre intoleráveis. E no meu sistema de valores, no Benfica que me ensinaram a amar, a polarização de opiniões era, com respeito e elevação, orientada para os rivais.
Num tempo em que o volume de informação é maior do que nunca, mas a inteligência humana permanece igual à de sempre, e em que as redes sociais fizeram a ignorância e a brutidade perder a vergonha outrora circunscrita aos balcões das tabernas, a polarização passou a ser feita intramuros, entre benfiquistas que acham que o Benfica é, não nosso, mas de cada um deles, ou apenas de um pequeno grupo deles. As exibições da equipa de futebol, tanto quanto o período pré-eleitoral, acentuaram naturalmente estas clivagens.
Parte-se de um enorme equívoco: o de que existem presidentes e treinadores perfeitos, havendo, pois, que atacar violentamente, em nome de uma mitológica e retrotópica “exigência”, todos os que não o são, acreditando ingenuamente que um homem providencial e infalível seja capaz de, com uma varinha mágica, fazer com que o Benfica, de repente, passe a ganhar os jogos todos.
Não é exclusivo do Benfica, nem do futebol, nem do país. Em todo o mundo ocidental, milhões de pessoas deixam-se encantar por aldrabões populistas e demagogos que, com recurso a uma diarreia retórica, prometem soluções fáceis para os problemas mais complexos, e navegam sobre todo o tipo de ressentimentos – que habilmente sabem traduzir em votos. Precisamos com urgência de sensatez, de equilíbrio, de moderação ou até de um sobressalto cívico, que ponha termo a este caminho para o abismo. No Benfica, no país e no mundo."

Luís Fialho, in O Benfica

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