"O lema do saudoso papa Francisco, majestosamente dirigido
à humanidade, e tão ignorado
por muitos que se dizem cristãos, podia, metaforicamente,
ser transposto para o actual
momento do Benfica.
A violência e o insulto são sempre intoleráveis. E no meu sistema de valores, no Benfica que
me ensinaram a amar, a polarização de opiniões era, com respeito e elevação, orientada para
os rivais.
Num tempo em que o volume de
informação é maior do que
nunca, mas a inteligência humana permanece igual à de sempre, e em que as redes sociais
fizeram a ignorância e a brutidade perder a vergonha outrora
circunscrita aos balcões das
tabernas, a polarização passou
a ser feita intramuros, entre
benfiquistas que acham que o
Benfica é, não nosso, mas de
cada um deles, ou apenas de um
pequeno grupo deles. As exibições da equipa de futebol, tanto
quanto o período pré-eleitoral,
acentuaram naturalmente estas
clivagens.
Parte-se de um enorme equívoco: o de que existem presidentes e treinadores perfeitos,
havendo, pois, que atacar violentamente, em nome de uma
mitológica e retrotópica “exigência”, todos os que não o são,
acreditando ingenuamente que
um homem providencial e infalível seja capaz de, com uma varinha mágica, fazer com que
o Benfica, de repente, passe
a ganhar os jogos todos.
Não é exclusivo do Benfica, nem
do futebol, nem do país. Em todo
o mundo ocidental, milhões de
pessoas deixam-se encantar
por aldrabões populistas
e demagogos que, com recurso
a uma diarreia retórica, prometem soluções fáceis para os
problemas mais complexos,
e navegam sobre todo o tipo de
ressentimentos – que habilmente sabem traduzir em votos.
Precisamos com urgência de
sensatez, de equilíbrio, de
moderação ou até de um
sobressalto cívico, que ponha
termo a este caminho para
o abismo. No Benfica, no país
e no mundo."
Luís Fialho, in O Benfica

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