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sábado, 25 de outubro de 2025

O estado das contas e as seis visões para o futuro do Benfica


"Sport Lisboa e Benfica aproxima-se das eleições de 25 de outubro de 2025 com uma situação financeira globalmente estável, tanto no Clube como na SAD. Os relatórios e contas de 2024/25 confirmam a solidez das suas estruturas financeiras, embora continuem a existir desafios que exigem prudência e visão estratégica.
No caso do Benfica Clube, o exercício terminou com um resultado líquido positivo de 40,7 milhões de euros e um resultado operacional de 13,5 milhões, refletindo uma gestão equilibrada das suas atividades correntes. Quando consideradas as operações com direitos de atletas, o resultado operacional sobe para 59,7 milhões, demonstrando o peso das participações desportivas na sua rentabilidade.
O ativo total do Clube atingiu 568,1 milhões de euros, face a um passivo de 533 milhões, traduzindo-se em capitais próprios positivos de 35,1 milhões de euros. O Clube apresenta um património líquido moderadamente positivo, uma estrutura financeira estável e uma margem de solvência dependente do bom desempenho da SAD, que é a sua principal participada.

Benfica em eleições com saúde financeira relativamente sólida
Já a Benfica SAD encerrou o exercício com um resultado operacional positivo de 3,9 milhões de euros e um lucro líquido de 34,4 milhões, registando pela primeira vez em sete anos uma operação corrente equilibrada, sem depender integralmente de vendas de jogadores.
As receitas extraordinárias provenientes de transferências, como a de João Neves para o Paris Saint-Germain, contribuíram de forma decisiva para o resultado final. Em termos patrimoniais, a SAD detém um ativo de 591,2 milhões de euros, um passivo de 474,9 milhões e capitais próprios de 116,3 milhões, superando o capital social de 115 milhões.
Assim, o Benfica chega às eleições com uma saúde financeira relativamente sólida, atestada pelos números da SAD: resultado líquido positivo, capitais próprios superiores ao capital social e dívida líquida controlada (196,9 milhões de euros). Os rendimentos operacionais sem vendas de jogadores atingiram um recorde histórico, impulsionados pelos resultados alcançados na Liga dos Campeões e no Mundial de Clubes.

Aumento dos gastos com pessoal reforça necessidade de rigor e ponderação
Ainda assim, a dependência dos rendimentos europeus, o nível de endividamento, o aumento de 11,1 por cento nos gastos com pessoal face ao período homólogo e a ainda crucial contribuição das vendas de jogadores para a rentabilidade constituem desafios reais para a administração que sair vencedora das eleições.
O aumento expressivo dos gastos com pessoal explica-se, em grande parte, pelo acréscimo de 10,1 milhões de euros em indemnizações pagas à anterior equipa técnica, na sequência da rescisão contratual. Este facto reforça a necessidade de que as escolhas a este nível sejam objeto de uma análise rigorosa e ponderada, de modo a prevenir desfechos que se traduzam em prejuízo financeiro.
Com base no atual cenário, é possível afirmar que a solidez financeira atual do Sport Lisboa e Benfica fornece uma base de partida muito interessante, não dispensando, ainda assim, uma gestão prudente e estratégica dos riscos futuros. É sobre esta base sólida, mas com desafios de crescimento e controlo salarial pela frente, que os seis candidatos à presidência constroem as suas visões financeiras.

Rui Costa defende modelo atual, Noronha Lopes quer mais profissionalização
Rui Costa, presidente em funções, defende a continuação da estratégia atual. O seu programa, «Só o Benfica Importa», enfatiza a sustentabilidade, o controlo da dívida e a ambição de atingir os 500 milhões de euros de receitas consolidadas. Propõe ainda a criação de uma empresa-veículo para o Benfica Campus e a exploração de novas fontes de receita através do projeto «Benfica District».
João Noronha Lopes, da lista «Benfica Acima de Tudo», aposta na profissionalização da estrutura. Promete auditorias interna e externa às contas, a criação de um Comité de Auditoria e Risco e uma política de dividendos para os sócios-acionistas. A sua meta é alcançar 600 milhões de euros de receita, com foco no crescimento comercial e no aumento da capacidade do estádio.
Cristóvão Carvalho, da candidatura «Pelo Benfica», centra o discurso na transparência e na responsabilidade. Propõe a redução da dívida para menos de 150 milhões de euros, a auditoria a todos os contratos e a criação de uma holding para gerir os ativos do clube de forma mais eficiente, incluindo a reavaliação das parcerias com a SAD.

Vieira e Manteigas querem crescimento comercial e de marca, Mayer defende novo modelo
Luís Filipe Vieira, que regressa à corrida eleitoral, defende um «modelo de negócio inovador». A sua visão passa por aumentar as receitas comerciais e de merchandising, otimizar a estrutura de custos e reforçar a marca Benfica no panorama internacional, embora sem apresentar metas financeiras concretas.
Martim Borges Coutinho Mayer, do movimento «Benfica no Sangue», apresenta uma abordagem crítica à gestão da SAD. Promete uma «revisão profunda» do relacionamento entre o clube e a SAD, maior escrutínio sobre as transferências e uma gestão mais austera, privilegiando a formação e a sustentabilidade de longo prazo sobre o investimento avulso.
João Diogo Manteigas centra a sua proposta na independência financeira. O seu programa destaca a necessidade de aumentar as receitas próprias do clube, reduzir a dependência das vendas de jogadores e investir em ativos que gerem rendimentos permanentes, como o imobiliário associado ao estádio.

Escolha do presidente também define caminho para os 500 milhões de receita
Seis candidatos e seis abordagens distintas. As propostas dividem-se entre quem defende a continuidade do modelo atual (Rui Costa), quem aposta numa profissionalização e numa auditoria profunda (Noronha Lopes e Cristóvão Carvalho), quem critica a gestão da SAD e aponta um modelo diferente (Mayer) e quem propõe uma visão de crescimento comercial e de marca (Vieira e Manteigas).
Independentemente do vencedor de sábado, o caminho para atingir os 500 milhões de euros de receita será, sem dúvida, o fio condutor do próximo mandato. A compatibilização entre as novas regras de sustentabilidade financeira da UEFA e a contratação de jogadores de elite, necessários para competir na Champions League, requer, no mínimo, 500 milhões de euros de receita. O percurso para lá chegar será definido pela escolha do próximo presidente e pelas estratégias que este decidir implementar."

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