"Ficou célebre a frase de Béla Guttmann nos anos 60 do século passado. Mas será mesmo melhor perder e desmoralizar? Ou será melhor ganhar e ter alento? A Liga promete
Sim, o futebol é um jogo mágico que só termina quando o árbitro apita.
Sim, o Sporting ainda pode passar aos oitavos de final da UEFA Champions League e o Benfica ser eliminado. Sabemos isso tudo, mas sejamos práticos: o Benfica tem pé e meio na fase seguinte, o Sporting está com um pé e quatro quintos fora dela. E isso pode ter implicações nas contas do campeonato nacional, que quer queiramos quer não — sobretudo para o atual campeão que busca o bi — é o que mais interessa aos adeptos dos clubes. É fantástico ter uns assomos europeus de vez em quando, e ninguém retirará aos clubes portugueses, sobretudo Benfica e FC Porto, as glórias conquistadas além-fronteiras num passado mais ou menos longínquo. Mas a prova dos nove, anual, é feita cá no burgo.
Em 1962, o Benfica conquistou o bicampeonato europeu mas falhou o título nacional. O treinador Béla Guttmann justificou ao então presidente Maurício Vieira de Brito algo como «não há rabo para duas cadeiras».
Esta asserção do treinador húngaro está na moda nos dias que correm, em que a sobrecarga dos calendários competitivos marca (com razão) as narrativas: os jogadores cumprem minutos a mais, lesionam-se, treinam pouco, descansam menos do que deviam. Mas esta verdade valeu, até agora, para quase todos, e merece reflexão profunda das instâncias nacionais. Deve aproveitar-se o período de mudança que aí vem, com as eleições na FPF e (previsivelmente) na Liga, para continuar a refletir sobre o melhor modelo para as competições em Portugal. Sim —porque no que toca ao nível internacional poucas possibilidades haverá de fazer marcha-atrás. Se a Europa e o Mundo nos seduzem, então não tenhamos medo de adaptar a nossa realidade às necessidades. O que terá de passar, diria assim de repente, por redução do número de clubes nas ligas profissionais.
De volta ao burgo: entrados na segunda e ainda mais decisiva metade da temporada, a maior curiosidade será perceber que efeitos este play-off da UEFA Champions League terá em Sporting e Benfica. Prevalecerá o pragmatismo leonino de poder dedicar-se a tempo inteiro às competições nacionais, que lhe darão a glória que busca há 70 anos? Ou o alento de seguir para os 16 maiores da Europa terá efeito mais eficaz no Benfica?
Ao nível das condições de treino e recuperação, as equipas equivalem-se (incluindo todas as outras que disputam a Liga). O resto decide-se no talento, sim, mas também na força psicológica."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!