Últimas indefectivações

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

A demissão anunciada numa liga carrossel


"Consumou-se a demissão anunciada de Vítor Bruno, a que o treinador escapava já desde a goleada sofrida na Luz, que lhe traçou o destino. O contexto é o que se sabe: um clube quase em guerra civil, muitos adeptos saudosos do técnico anterior e com um plantel sem o nível a que estavam habituados. Acredito que Vítor Bruno é melhor do que parece hoje, mas também é óbvio que estava enganado: há algumas semanas que já não era parte da solução, só do problema.
Segue-se o dilema do sucessor. Treinadores estrangeiros de topo não é fácil, que o dinheiro escasseia e o contexto não é convidativo. E o mesmo vale para treinadores portugueses atualmente sem clube mas com capacidade de treinar a nível Porto. Penso em Paulo Fonseca e Luís Castro. E se o primeiro se afigura impossível por razões várias (dele, mas também do clube), já Castro será decerto cogitado. Falta saber se está disponível para correr o risco, auferindo bem menos do que em vários dos seus contratos mais recentes. A via alternativa será apostar num estrangeiro de segunda linha – que não Sarri, Xavi ou Allegri, para quem não há dinheiro - mas que alguém no clube conheça e recomende (hora de Zubizarreta mostrar serviço). Excluo o recurso a Jorge Costa, que seria um erro crasso, não porque o agora diretor não tenha capacidade, mas essencialmente porque compromete a estrutura, em definitivo, com os resultados desportivos de uma época que não está prometedora.
O Benfica pescou bem Manu Silva no Vitória de Guimarães, antecipando-se ao Wolverhampton. O jovem médio defensivo preenche duas lacunas no plantel: uma alternativa clara a Florentino, que Barreiro não é e Kokçu nunca será, e mais uma opção para o centro da defesa, necessidade que já existia mas se adensou com a utilização de Tomás Araújo a lateral. Perante a impressionante evolução que manifestou esta época, Manu acabará por ter várias oportunidades de jogar, mesmo se Florentino está no melhor momento da temporada.
O Sporting está mais confortável na liderança, mas nesta Liga carrossel os altos e baixos alternam a cada semana. É certo que os leões abandonaram o registo titubeante das últimas semanas com uma demonstração de força em Vila do Conde. Mas não ainda este jogo que me convenceu quantos às novas estrutura e dinâmica pretendidas por Rui Borges. Os leões viveram em sossego, puderam prescindir de Gyokeres por meio tempo, mas o Rio Ave foi trôpego a defender – ofereceu dois golos e mais umas quantas oportunidades – e, na ausência de Clayton, inofensivo a atacar. E os adversários contam. O FC Porto não esteve bem em Barcelos, mais uma vez não esteve bem, mas teve pela frente algo diferente, uma boa equipa. O Gil Vicente arrumado por Bruno Pinheiro está muito melhor, revela organização sem bola, personalidade com ela e tem hoje vários jogadores a render a um nível que não parecia possível, como Gbane, Sandro Cruz, Félix Correia ou Pablo. É muito por isso que o técnico gilista merece aplauso, mais do que simplesmente por ter ganho. Derrotar um grande, pontualmente e num dia feliz, pode acontecer a qualquer um."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!