"A vontade de ganhar levou a que Torres tivesse uma atitude de que se arrependeu amargamente
As partidas, quando são jogadas de forma intensa, levam a que os protagonistas possam ter acções irrefletidas. A ambição misturada com a adrenalina faz com que os jogadores empreguem todas as suas forças na disputa de cada lance, algumas vezes até passando dos limites.
Torres era considerado um jogador de enorme profissionalismo, o que lhe valeu a braçadeira de capitão do Benfica. Ao serviço dos encarnados desde a temporada 1959/60, entre clubes e seleção, em dez épocas Torres tinha siso expulso apenas quatro vezes. A quinta seria em 25 de Janeiro de 1970, e essa foi a que mais o embaraçou.
Nesse dia, o Benfica recebeu o Belenenses, para a 16.ª jornada do Campeonato Nacional. Os benfiquistas entravam em campo pressionados, pois tinham quebrado na jornada anterior uma sequência de cinco jogos sem derrotas.
Capitão de equipas, Torres foi um dos jogadores que demonstraram enorme vontade de decidir o encontro o mais cedo possível. Não dava um minuto de descanso aos defesas, pressionando-os assim que recebiam a bola. Rapidamente, travou um aluta intensa com Freitas. À medida que o tempo ia passando, o duelo 'estava a tornar-se emocionalmente e em que ambos os contendores já haviam incorrido em pequenas irregularidades'.
Com os atletas a jogarem no limite, a cada decisão do árbitro os adeptos afetos à equipa censurada contestavam veemente, 'atirando almofadas para dentro do retângulo', Aos 36 minutos, Torres e Freitas tiveram novo confronto, que terminou com o jogador dos azuis no chão, 'contorcendo-se, como alguém que acabou de ser atingido'. O árbitro não viu o lance e, como tal, dirigiu-se ao auxiliar. Após ouvi-lo, deu ordem de expulsão ao avançado benfiquista.
Torres nem protestou, calmamente retirou a braçadeira e entregou-a a Simões. O avançado estava amargurado com o que acabara de fazer. Dias após o encontro, o ato ainda o abalava, pedindo desculpas publicamente. 'Até pela minha condição de capitão da equipa, trouxe-me tanta tristeza. Devo sinceramente penitenciar-me perante todos os benfiquistas - dirigentes, técnicos e associados - e ressalvar, ao mesmo tempo, que a minha irrefletida atitude não pretendeu, de forma nenhuma contribuir para o que se passou no Benfica - Belenenses'.
Por atitudes como esta é que a sua alcunha, o Bom Gigante, era reveladora tanto da sua fisionomia como do seu carácter.
Saiba mais sobre este fantástico jogador na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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