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sábado, 6 de novembro de 2021

Os valores do desporto moderno no final do século XIX


"Peter Mac Intosh (1968), Jean-Marie Brohm (1976), James Magan (1981) e Richard Holt (1989), entre outros autores, já demonstraram que o surgimento do desporto moderno na Inglaterra Vitoriana não pode ser dissociado das questões económicas e políticas da época (século XIX).
Ao se reafirmar a ligação explícita entre os desportos modernos e a ideia de progresso, desde a sua origem, estamos perante um facto social total. O maquiavelismo de Pierre de Coubertin - o reitor do olimpismo moderno -, reside na faculdade de realizar o sincretismo entre as pragmáticas instituições dos pedagogos anglicanos do final do século XIX e as reminiscências da cultura helénica dessa época.
Na origem, o desporto britânico estava desprovido de todo o aspeto humanista explícito e ainda menos helénico. Ele representa o lazer privilegiado dos atletas anglo-saxónicos, sobretudo dos ingleses e americanos. O ideal da educação britânica consistia em desenvolver uma alma forte num corpo robusto. Na realidade, Pierre Coubertin encontra na Inglaterra aquilo que faltava em França, ou seja, os valores morais associados às qualidades físicas. Músculos e inteligência deveriam andar a par. O barão entendeu defender o conjunto de valores de caráter elitista, religioso e universal.
O olimpismo, para ele, era a base de uma educação desportiva generalizada e acessível a todos. No crepúsculo da sua vida, numa mensagem radiofónica difundida em 1935, não hesita em relembrar longamente as caraterísticas essenciais do olimpismo. O olimpismo continua, nos dias de hoje, a incarnar um discurso pedagógico e político que se transforma numa ideologia, com as doutrinas próprias de uma época, de uma sociedade ou de um grupo de indivíduos.
Neste sentido, a ideologia do olimpismo, desde a sua implementação, transmite-se pelo imaginário coletivo através dos seus principais elementos: atletas, treinadores e dirigentes."

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