"Não há como ignorar este problema que desafia, no seio das sociedades humanas progressistas e democráticas, os valores fundamentais em que se fundam. A cor e a diferença cultural são dois poderosos identificadores colectivos e funcionam em todas as sociedades como elementos potenciais de tensão que ganham dimensão ao sabor da história, sobretudo em períodos mais críticos, levando as maiorias a relegar as minorias para as margens da sociedade e a perpetuar injustiças com base em generalizações de atitudes de indivíduos e/ou grupos a bases sociais mais alargados que com eles partilham o sítio onde vivem, a pobreza onde vivem ou simplesmente a cor da pele, a origem ou até aos mesmos handicaps.
Já em sentido inverso não funciona o mesmo mecanismo de generalização, em ondas de choque, antes sucedendo exactamente o inverso, ou seja, uma amortização dos impactos positivos de feitos ou conquistas que assim ficam contidas numa espécie de condição de excelência de individuo ou partilhados em generalizações mais vastas, essas sem quaisquer conotações de base étnica ou racial. É isto que vemos ocorrer tantas vezes no mundo do desporto, em que a história nos mostra o sucesso, a superação e a excelência saindo dos locais e condições sociais e étnicas mais improváveis. Estanho fenómeno este que nos deve levar a todos a reflectir, quando na glória e no sucesso os nossos melhores não têm cor nem raça, pois o seu sucesso, sendo de nós todos porque nos representam, deveria sempre ser também uma forma de ajudar a sociedade no seu todo e muito particularmente as maiorias e os mais fortes e aprenderem a valorizar a diferença e a descobrir que a diversidade não é uma fraqueza, mas um enorme património das nações que o saibam aproveitar."
Jorge Miranda, in O Benfica
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