"O fim de semana passado, em termos de ambiente que os nossos rivais mais próximos escolheram para se sustentar, foi ainda mais delirante do que era hábito; prolongou-se para segunda-feira (esparramado-se mesmo, muito para além da hora, com a espúria decisão de cúmplices vestidos de preto); e, tendo acrescentado, sem pudor, a todos as misérias do costume, outras ainda mais extraordinárias, viria a refundar num conjunto de alucinações que não encontramos nem nas tiradas da Bílbia, nem nos cadernos da FIFA, nem mesmo em qualquer programa de governo...
Grande fim de semana! Valeu tudo para tirar do sério até o mais empedernido dos algozes do futebol luso que tantos tratos de polé tem levado nos últimos meses, coitado. Coitado do futebol, claro! Porque quem regula nas instâncias do futebol já não regula nada. E quem dirige, na tutela institucional, assiste com passividade doentia sem saber gerir e nem sequer quem (nem como) deva orientar.
Para não ficar atrás das impunidades de Contumil no lamaçal lá de cima, aqui em baixo, o pequeno clube do Campo Grande entrou, definitivamente, na roda livre do paroxismo. Eles, juntos, quiseram e já fizeram do futebol português uma irrespirável Síria, um território sem lei. Com eles imersos em desfiladeiros do desespero desportivo, deixou de haver quaisquer limites nos campos do senso comum, do fair play, ou na legislação e do bom gosto.
Contra isso, do nosso lado, é crucial manter o rumo, de cabeça fria e com nervos de aço. Juntos no apoio às nossas equipas, com a humildade de que sempre se foi construindo a enorme grandeza do Benfica. E perante isso, com uma simétrica perfídia, parece que juízes, árbitros, federativos, reguladores, procuradores e polícias, gestores, secretários e ministros (e até os mais altos magistrados da nação...), todos continuam a preferir ir assobiando para o lado. Mas até quando?"
José Nuno Martins, in O Benfica
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