"Nunca pensei opinar sobre Bruno de Carvalho. No entanto, as atitudes do presidente do Sporting e de um minúsculo grupo de fanáticos leoninos em relação aos media nos últimos dias levam-me a escrever sobre um tema que me preocupa há muito tempo. Existe um grande e crescente défice de consideração pelos jornalistas em Portugal. Em larga parte, não tem fundamentação e cria uma situação contraproducente para a sociedade portuguesa.
Claro, há muitos jornalistas que trabalham em função de agendas, privadas ou políticas, e que acabam por ser manipulados para manipularem a informação. Por esses não faço defesa. Antes pelo contrário. Mas formam uma minoria, pois a grande maioria dos que conheço não tem esse tipo de distorção, quer apenas produzir informação nova, útil e de forma mais isenta possível.
O problema é que nem sempre esses profissionais conseguem atingir os objectivos. Os jornalistas vivem uma época infernal, na qual o modelo de negócio tradicional praticado pelos órgãos de comunicação deixou de ser rentável, em que as receitas derivadas da publicidade e das vendas aos leitores afundam, num mundo de informação (verdadeira ou falsa) grátis na internet.
Como consequência, os jornalistas são forçados a produzir cada vez mais, para um número crescente de plataformas e com cada vez menos recursos. Há pouco tempo e investimento para a investigação, para a especialização, com o foco a passar para a ‘chapa 7, o ‘encher chouriços’ e a ‘clínica geral’, na gíria da classe, a que a rapidez e a busca por clicks e audiências obriga.
Claro que isto resulta numa cultura mais tablóide e de rebanho, com todos os órgãos a correrem atrás uns dos outros numa corrida circular que provavelmente ninguém irá vencer. Mas a culpa não pode ser atribuída só aos jornalistas.
Os gestores dos media passaram a olhar para os repórteres como custos de produção e não como investimento central. Um dos efeitos foi o êxodo para outras funções, com a assessoria de imprensa como destino favorito. Outro foi o novo domínio da precariedade. Não é exclusivo do sector, mas é transversal. Das grandes agências internacionais aos jornais regionais, há falsos recibos verdes, contratos desnecessariamente curtos, salários muito abaixo do que a responsabilidade e o esforço das funções merecem.
O resultado é a fragilização da classe, deixando os jornalistas com cada vez menos armas para questionar os poderosos e dar voz aos que não têm poder. Deixa a classe à mercê do poder de um presidente de um clube de futebol, de um CEO que reage mal a uma pergunta inconveniente, de um político que convoca um evento a que chama conferência de imprensa, mas sem direito a perguntas.
Pelo meio há tropas a combater – agências de comunicação que exigem espaço e tempo dedicado para passarem a informação que é do interesse dos clientes, seguranças que tratam os jornalistas quase como intrusos em eventos supostamente públicos, advogados que tentam obstruir a investigação ou depois castigá-la.
Estou a defender a classe profissional que integro? Sim. Estranho seria não o fazer, numa altura em que os que ficam têm mesmo de sentir o gosto pela missão para enfrentar a precariedade e as pressões.
Além disso, o objectivo é também defender o respeito em nome dos jovens que vejo a entrar na profissão. Conscientes de que vão ter carreiras esforçadas, mal pagas e inconstantes, continuam a demonstrar vontade de aprender e de servir os leitores."
Dois reparos : 1°- Já que o "Jornal Económico" decidiu meter os pés no lamaçal do futebol Português...a controversa personagem de b.de Carvalho é incontornável por tudo o que de negativo trouxe com ele. Não falo do que ele faz no sporting(é problema desses adeptos...), mas de toda a sua arrogância ,gabarolice e chico-espertice , elevadas ao grau de "habilidade" ?!?!?!...tudo com a CONIVÊNCIA da maior parte do jornalismo Português. 2°- Sobre..." o grande e crescente défice de consideração pelos jornalistas em Portugal...", gostaria de saber se o Sr. Shrikesh Laxmidas formou-se em jornalismo C
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