"O futebol (na sua pátria expressão inglesa, association football) é um desporto colectivo, em que as individualidades têm um contributo decisivo para o resultado do conjunto, seja pela positiva, seja pela negativa. Mas, enquanto as partes fazem parte do todo, o todo não é subsumível numa ou mais das partes.
Certo é que abundam e medram as honrarias individuais. Tantas, que confesso, por vezes já as confundo. É a bola de ouro, a bota de ouro, o melhor da UEFA, o melhor da FIFA, os melhores onze a actuar na Europa, etc. Não há mês em que não haja uma festarola de um galardão, rodeado por generosos patrocínios.
Mesmo a nível nacional, há de tudo. O melhor em campo, mais vezes melhor. O jogador com mais pontuação, com mais golos, com mais assistências, com menos cartões, o melhor árbitro e assim em diante.
Em suma, no futebol colectivo, os prémios são individuais. E, como no ciclismo, há os chefes-de-fila e os aguadeiros. Os chefes-de-fila são noventa e tal por cento do meio-campo para a frente e os aguadeiros são os guardiões, defesas e a maioria dos médios. Jogadores todos iguais, mas uns mais iguais do que outros...
Aproxima-se a atribuição da Bola de Ouro. Aquece a doentia e insuportável obsessão Ronaldo /Messi como se fossem os únicos a disputá-la. Os egos tomam assento na praça e o resto assiste. Com esta tendência, com estes ou outros jogadores, as individualidades produzem individualismos. Não sei se o futebol ganha com isso. Para mim, não. É, por estas e outras razões, que as equipas alemãs, privilegiando o conjunto e menos dependentes de superegos, são sempre fortes."
Bagão Félix, in A Bola
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