"A imagem de um homenzinho de cem quilos a chorar compulsivamente depois de ter perdido um combate impressiona qualquer um. Muitos não entenderão o que pode levar um aparentemente frio e forte lutador a chorar como uma criança. Ceder num combate, a poucos segundos do fim, não parece ser razão suficiente. No entanto, Jorge Fonseca não conseguia parar as lágrimas. A sua frustração era total e tudo, em redor, parecia desolador.
Muitos de nós não têm realmente a a percepção do que representa um momento nos Jogos Olímpicos. O trabalho, o sonho, o desejo de uma glória efémera, o significado supremo de uma pequena rodela de metal a que se convencionou chamar uma medalha.
Para os americanos, a medalha olímpica não significa, como para os portugueses, a consagração da Pátria. É apenas e tão só um reconhecimento de um resultado desportivo. Para os portugueses é muito mais do que isso. É a notabilidade pública. Se, nos Estados Unidos, fossem comendadores todos os que ganham medalhas olímpicas, as comendas tornar-se-iam absolutamente vulgares. Não em Portugal. Um medalha não é, apenas, um feito desportivo. É uma condição próxima à de herói nacional.
Demasiado? Obviamente que sim, mas devemos reconhecer que um pequeno país como o nosso e com falta de auto-estima tem todo o direito a ser algo diferente dos grandes países. Aqui, ter um valor reconhecido internacionalmente é uma proeza. Mas há, também, o reverso da medalha. É que a derrota também não é sentida, apenas, como um desaire desportivo. É quase uma humilhação nacional. E isso também é um evidente exagero. Mas é assim."
Vítor Serpa, in A Bola
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