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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ele conferencia, nós conferenciamos

"As conferências de imprensa no futebol são definitivamente uma maçada. Para quem as faz, creio, mas sobremaneira para quem faz o zapping pelos canais televisivos por cabo. Já nem me refiro às que são efectuadas após os jogos, pois que estas ainda podem ter algum conteúdo. Refiro-me às agora compulsivas conversas antes dos encontros.
Ali, nada se diz, mas tudo se pergunta. De um lado, o treinador ou jogador com o cacharolete de lugares-comuns perante a desnecessidade do momento. 'Vamos pensar jogo a jogo', 'estamos preparados para ganhar', 'estamos concentrados nesta partida', 'temos um adversário pela frente', 'não tememos o ambiente', 'só vale três pontos', 'as estatísticas não jogam', 'já esquecemos o desaire de há dias', 'se o jogador A joga? Logo verão na convocatória', etc, etc.
Há, todavia, um ponto que é recorrente. Qualquer treinador fala quase sempre mais do 'adversário temível'(mesmo que seja um clube pelintra...) do que da sua equipa, como que, receosamente, antecipando um resultado indesejado. Mas claro tudo se pergunta. Aproveita-se o tema da convocação mediática para questionar sobre um não tema. Transferências, arbitragens de outros jogos, declarações de terceiros, fait-divers, rumores, etc. Responde-se com o óbvio silêncio ou cai-se na armadilha de retorquir para gáudio especulativo dos media.
No fim de tudo, fica o nada. O vazio, o entretenimento oco. As televisões por cabo generalistas competem no igual, não no diferente. E acham que ganham com isso. Eu, que gosto de futebol, anseio por um canalzinho que não transmita durante longos minutos as tais conversas de treta."

Bagão Félix, in A Bola

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