"A Federação introduziu no regulamento da Taça de Portugal uma alteração há muito reclamada por significativa franja de apoiantes, entre os quais me incluo, com a intenção de valorizar o seu nível competitivo. Desde sempre encarada como a festa do futebol, por razões várias tem vindo a perder a sua amplidão territorial. É notória a concentração de jogos nos principais centros populacionais em que, regra geral, os mais fortes pisam os mais fracos.
Também no futebol, o interior do País e as pequenas localidades foram ignorados em nome das exigências do progresso. Tentou a FPF equilibrar as forças e enriquecer o espírito da competição ao determinar que nas 2.ª e 3.ª eliminatórias os clubes da Liga 2 e da Liga, por esta ordem, fossem visitantes. No entanto, no capítulo «requisitos dos estádios» diluem-se as boas intenções, na medida em que as instalações desportivas dos pobres visitados não oferecem as condições impostas. Assim, o Vianense recebe o Benfica em Barcelos e o Vilafranquense o Sporting no Estoril. O Varzim foi o único que resistiu, por apresentar uma casa que não fere a rigidez regulamentar e também por respeito à tradição e à comemoração do seu centenário.
A festa da Taça já não é para todos. Distantes os anos em que qualquer espaço servia para se jogar futebol, relvado ou não, e, na míngua de lugares sentados, em cadeiras ou em árvores, a multidão se apinhava no terreno envolvente para ver os artistas da bola. A Taça era mesmo de Portugal inteiro, apesar de se demorar mais tempo a viajar de Lisboa a Chaves do que a Moscovo, como ironizou o antigo presidente do Benfica, João Santos. Hoje, no emaranhado de autoestradas, dá a ideia de um país encolhido. E o mais desolador é que a Taça encolheu com ele..."
Fernando Guerra, in A Bola
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