"Blatter demitiu-se... devagarinho. Diz que cumprirá a missão que lhe foi confiada pela maioria dos homens do comité e por isso abandonará o cargo lá para o final do ano ou princípio do próximo se, até lá, a investigação não lhe alterar os planos.
A posição de Blatter é obviamente caricata. Reeleito há menos de uma semana em condições insustentáveis de honra e credibilidade, faz, dias depois, um anúncio de resignação do cargo em conferência de imprensa sem direito a perguntas dos jornalistas.
Quase um ano é tempo mais do que suficiente para Blatter preparar a sua sucessão e esse é o perigo maior porque se pode assim projectar a continuidade de uma organização dividida entre uma aparência de moderna multinacional de sucesso e uma realidade de esquemas de subterrâneo.
Não acredito que Blatter não se queira continuar a si próprio através de um dos seus peões e com o apoio de uma seita instalada, que nem dá sinais de renúncia, nem, sequer, de arrependimento.
Tal como João Havelange garantiu a eleição de Blatter como seu homem de confiança - viria a traí-lo em condições pouco dignas - Blatter abrirá caminho para um dos seus prosélitos.
É aí que estará, pois, o perigo do futuro de uma FIFA que só mudará de presidente para nada de verdadeiramente essencial mudar.
Luís Figo poderá, entretanto, voltar a ser candidato. Tem, por si, a maior de todas as razões morais para o fazer. Foi quem mais denunciou a falta de transparência da organização, quem mais fez notar a sua condição de opositor ao sistema. Deve entender que Blatter caiu, mas o sistema ainda não."
Vítor Serpa, in A Bola
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