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quarta-feira, 3 de junho de 2015

A queda

"Depois da patética eleição a que assistimos na Suiça, confessei a minha convicção de que Joseph Blatter não conseguiria levar até ao fim este mandato à frente da FIFA. A derrocada generalizada dos seus lugares-tenente na superestrutura do organismo indiciava claramente que uma nova era estava no horizonte. Se melhor ou não, logo se verá, isso é outra questão. Mas nunca me passou pela cabeça a possibilidade do velho imperador do regime cair apenas quatro dias depois.
Como é simples de deduzir, esta retirada de Blatter não terá tanto a ver com o coro quase unânime que exigia a sua saída, mas mais com a pressão do lado judicial. O presidente, mesmo num cenário absurdo, foi a votos (até chegou a dizer a Platini que agora "era tarde" para se demitir), o que mostrou que ainda considerava possível manter-se à tona de água enquanto toda a gente à sua volta naufragava. O problema é que as investigações em andamento, mais tarde ou mais cedo, acabariam também por colocá-lo no centro da turbulência. Ninguém de bom senso acreditaria que o líder máximo da FIFA não fizesse a menor ideia do vendaval de corrupção que varria a organização.
Deixemos a investigação decorrer e olhemos agora para o que se pode perspectivar internamente. As próximas eleições vão ser determinantes para o futebol mundial. E seja quem for o sucessor de Blatter terá uma tarefa brutal pela frente. Antes do mais, terá de promover uma limpeza na estrutura e desmontar a rede que durante décadas sustentou o poder vigente. Complicado, até porque não podemos esquecer-nos de que a FIFA resulta do somatório de confederações que, por sua vez, são o resultado da agregação de federações dos vários continentes. Além de que ninguém terá a noção exacta de até onde vai esta teia em termos planetários.
Já se percebeu, contudo, que a UEFA tem um papel crucial neste xadrez. Liderou a contestação a Blatter e é a confederação com maior peso desportivo e financeiro. E, aqui, surge inevitavelmente o nome de Michel Platini que, provavelmente, já não contaria com este cenário de eleições antecipadas na FIFA. De qualquer modo, seja por ele ou por alguém que decida apoiar, a UEFA sabe que os olhos de toda a gente vão virar-se para ela. Um teste também fundamental ao poder que a Europa representa no contexto global do futebol."

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