"É natural que se diga (com alívio) que acabou o período de transferências, empréstimos, comodatos, usucapitões e transumâncias no futebol. Por isso, talvez se possa clamar «viva o dia 1 de Setembro» (este ano, curiosamente 2/9), dia da libertação face a empresários verdadeiros e camuflados, agentes, pais e conselheiros de jogadores, abutres disfarçados, fundos inquinados, manobras suspeitas, fintas ao fair-play da UEFA. Agora, meninos sosseguem as cabeças e joguem futebol!
Acontece que este armistício mercantil dura apenas quatro meses. Em Janeiro, depois de mais um Natal, com ou sem boxing day, lá vem outra janela escancarada de um excitado mercado. Aliás, ontem A BOLA já o pré-anunciava relativamente à parte II da novela Enzo Pérez.
Direi quase que não há mercado de transferências entre jogos. Há jogos entre mercado de transferências. Neste interim, há cláusulas a reverter, promessas a cumprir, monos a despachar, comissões a voar. Execrável este espectáculo que os poderes do football association (tão deslocada, hoje em dia, esta última palavra...) permitem, acalentam, sustentam e promovem. Tudo em nome da mercadoria, seja ela fungível ou fingível. Acabou o romantismo no futebol. Aumentaram escandalosamente as diferenças entre tudo e todos. Entre clubes, proprietários, jogadores, técnicos e todo o séquito que vive do idealismo dos associados que pagam as suas quotas (onde ainda as há). Mas não nos iludamos. Por detrás deste espectáculo grandioso para um reduzido número de talentos, sortudos e oportunistas, há o futebol dos pobres, de uma maioria que não é notícia."
Bagão Félix, in A Bola
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