"O número de espectadores por jogo, nos jogos das competições futebolísticas nacionais, é escandalosamente baixo. Os espectadores estão a deixar de ir ao futebol e os motivos são vários: desde a crise profunda em que estamos mergulhados até ao descrédito completo em que caiu o futebol português. As pessoas que gostam de futebol recusam-se a pagar e a fazer sacrifícios para assistir a farsas. Sobram os que pagam o bilhete levados pela paixão clubística. Os erros de arbitragem grosseiros e sistemáticos já não se conseguem travestir de qualquer inocência. Assumiu-se, vencidos pelo cansaço e pela boçal impunidade, que a corrupção no futebol português é uma espécie de fenómeno atmosférico com o qual temos de conviver. Habituamo-nos, resignamo-nos, encolhemos os ombros e deixamos de acreditar que aquele jogo não está viciado. Logo, deixamos de ir ao estádio.
Que não se duvide de que esta é uma (talvez mesmo a maior) das causas para o número confrangedor de espectadores que temos nos estádios portugueses. Os dirigentes dos clubes sabem que assim é e os dirigentes dos órgãos de gestão do futebol português também o sabem. Lemos, ouvimos e vemos declarações de circunstância, outras de pompa, umas quantas de ocasião e uns recados disfarçados de ironia mais ou menos fina oriundos de vários dirigentes de clubes, mas nada, absolutamente nada que sirva realmente para alterar esta triste realidade. Por parte de quem dirige a Liga ouve-se o eco do silêncio. Por parte de quem dirige a Federação ouvem-se umas banalidades perfeitamente inconsequentes e, pontualmente, um desabafo sobre aquilo que realmente o preocupa nos dias que correm: o papel da Benfica TV como entrave à sua cruzada de centralizar (controlar) os direitos de transmissão televisiva.
Esvaziam-se os estádios, mas preenche-se o ego dos verbos de encher que dirigem os órgãos de gestão do futebol luso."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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