Últimas indefectivações

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Compromissos

"A CMVM não se pronunciou esta semana relativamente a diversas situações relevantes do empresariado futebolístico nacional, abrindo agora o espírito para uma maior compreensão das diatribes características deste negócio. Nos primeiros anos das sociedades cotadas, a entidade reguladora do mundo de sombras e sussurros das finanças evidenciou muita dificuldade em lidar com o papaguear destravado dos dirigentes da bola, mas agora já não lhes passa crédito.
A intervenção mais surpreendente foi do presidente do Porto, ao assumir ter sido o clube português e não o licitador russo a recusar 50 milhões de euros por Hulk. É verdade que corresponderia apenas a 50% da cláusula de rescisão, mas custa a entender que a maioria dos acionistas concorde com esta gestão.
O retorno desta aposta temerária seria desportivo. Com Hulk (e Moutinho, por junto) o FC Porto persegue um desígnio compensatório, através do triunfo no campeonato e, eventualmente, da Liga dos Campeões.
No polo oposto, o Benfica não conseguiu resistir ao assédio a um dos poucos jogadores que realmente incomodavam a concorrência, o espanhol Javi García, justificando o desfalque pela necessidade de fazer face às despesas, incluindo os erros gritantes do seu sector de compras, ao jeito de quem fica feliz com os dedos quando perde os anéis.
Pinto da Costa nunca diria que vendeu os melhores jogadores por ter necessidade de “honrar os compromissos” do clube. Enquanto a fiscalização da UEFA ao fair play financeiro não aperta esta malha, os compromissos dos emblemas, confundindo-se as SAD com os clubes, a frieza dos números com a paixão dos sócios, continuam a ser com a vontade de ganhar, sem olhar a preços. Primeiro ganha-se, depois fazem-se as contas – ficam os dedos e guardam-se os anéis."


PS: Esta crónica já tem alguns dias, e já está desatualizada, mas os factos que ocorreram depois, reforçam ainda mais, a estranheza pelo silêncio da CMVM...!!!

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