"NUMA VIAGEM EM QUE AS
PRIMEIRAS PERSPETIVAS
ERAM NEGATIVAS, UMA
CONJUGAÇÃO DE FATORES
FELIZES MANTEVE
A COMITIVA JUNTA
Há dias em que, por mais que tudo
esteja meticulosamente planeado, surgem imprevistos que
parecem querer sabotar o destino. Fica a sensação de que não estamos
destinados a chegar ao que nos propusemos. Resta-nos, então, aquele frágil
equilíbrio entre o desespero e a crença de
que tudo voltará ao normal. Poderá ter
sido esse o sentimento dos jogadores e
dirigentes do Benfica que partiram para
Londres.
Era 5 de outubro de 1964, antevéspera do confronto com o Chelsea. A equipa
encontrava-se no aeroporto, rumo
à capital inglesa, com escala prevista
em Paris. Mas Lisboa acordara envolta
num nevoeiro espesso, que atrasou a
partida em duas horas, o suficiente para
perderem a ligação em França. Para piorar, os voos seguintes estavam lotados.
No desporto de alta competição,
o descanso é tão crucial quanto o treino.
E, para os jogadores do Benfica, esta era uma
ocasião especial: o primeiro confronto com o
Chelsea, uma estreia absoluta entre os dois
clubes. Era essencial deixar uma imagem
forte, de competência, grandeza e
de qualidade.
Durante o almoço, discutiram-se soluções. Dividir o
grupo? Seguir de comboio? No
final da refeição, as incertezas permaneciam, mas tiveram o condão
de bem-dispor os integrantes da
comitiva.
Surgiu a informação de que
havia oito lugares disponíveis no
voo seguinte. A sorte parecia começar a sorrir. “A caminho da sala de
embarque, mais uma informação:
podiam ir mais quatro. Destacaram-
-se mais quatro do grupo e começaram a descer as escadas rolantes, e
uma voz: podem ir mais dois. Faltavam apenas dois jogadores, e na
pista apareceram lugares para eles.
Entraram no Caravelle, a hospedeira
começou a contar lugares, e apareceu mais um, e mais um, e mais um,
e houve lugares para todos os dirigentes e acompanhantes.”
Num dia que começou com contratempos, os encarnados acabaram
por seguir juntos rumo ao destino.
Amanheceu cinzento, carregado de
incertezas, mas terminou com a luz
serena de uma missão cumprida.
Saiba mais sobre esta e outras
aventuras do Benfica nas deslocações
ao estrangeiro na área 12 – Honrar o País, do
Museu Benfica – Cosme Damião"
António Pinto, in O Benfica

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