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terça-feira, 4 de novembro de 2025

Afinal, há lugar para todos


"NUMA VIAGEM EM QUE AS PRIMEIRAS PERSPETIVAS ERAM NEGATIVAS, UMA CONJUGAÇÃO DE FATORES FELIZES MANTEVE A COMITIVA JUNTA

Há dias em que, por mais que tudo esteja meticulosamente planeado, surgem imprevistos que parecem querer sabotar o destino. Fica a sensação de que não estamos destinados a chegar ao que nos propusemos. Resta-nos, então, aquele frágil equilíbrio entre o desespero e a crença de que tudo voltará ao normal. Poderá ter sido esse o sentimento dos jogadores e dirigentes do Benfica que partiram para Londres.
Era 5 de outubro de 1964, antevéspera do confronto com o Chelsea. A equipa encontrava-se no aeroporto, rumo à capital inglesa, com escala prevista em Paris. Mas Lisboa acordara envolta num nevoeiro espesso, que atrasou a partida em duas horas, o suficiente para perderem a ligação em França. Para piorar, os voos seguintes estavam lotados.
No desporto de alta competição, o descanso é tão crucial quanto o treino. E, para os jogadores do Benfica, esta era uma ocasião especial: o primeiro confronto com o Chelsea, uma estreia absoluta entre os dois clubes. Era essencial deixar uma imagem forte, de competência, grandeza e de qualidade.
Durante o almoço, discutiram-se soluções. Dividir o grupo? Seguir de comboio? No final da refeição, as incertezas permaneciam, mas tiveram o condão de bem-dispor os integrantes da comitiva.
Surgiu a informação de que havia oito lugares disponíveis no voo seguinte. A sorte parecia começar a sorrir. “A caminho da sala de embarque, mais uma informação: podiam ir mais quatro. Destacaram- -se mais quatro do grupo e começaram a descer as escadas rolantes, e uma voz: podem ir mais dois. Faltavam apenas dois jogadores, e na pista apareceram lugares para eles. Entraram no Caravelle, a hospedeira começou a contar lugares, e apareceu mais um, e mais um, e mais um, e houve lugares para todos os dirigentes e acompanhantes.”
Num dia que começou com contratempos, os encarnados acabaram por seguir juntos rumo ao destino. Amanheceu cinzento, carregado de incertezas, mas terminou com a luz serena de uma missão cumprida.
Saiba mais sobre esta e outras aventuras do Benfica nas deslocações ao estrangeiro na área 12 – Honrar o País, do Museu Benfica – Cosme Damião"

António Pinto, in O Benfica

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