"Norueguês ainda não deu tudo, porém precisa de um contexto mais favorável para que possa ser 'julgado' com toda a justiça: a continuidade da aposta e mais gente que se associe ao seu futebol
Se o futebol reflete o resto da sociedade, vivemos dentro das quatro linhas rodeados de preconceitos. Dos que sobressaem das nossas fragilidades culturais e emocionais, e dos do próprio ecossistema. Há discriminação pela idade e dimensão física, seja altura ou musculatura, e as restantes emanam das nossas vivências, do que nos transmitiram na família e na escola e da nossa história. Se há racismo na sociedade, então existe no futebol. Os preconceitos, esse e muitos outros, estão latentes, até admito que de forma inconsciente, nas tomadas de decisão.
Tenho-me debatido contra o da idade há muito. Não é verdade que um jogador de 25 é obrigatoriamente mais maduro que um de 17 anos, só porque viveu e jogou mais tempo. Não só não é como nunca o será. Aqui, a idade é mesmo apenas um número. E, apesar de sermos constantemente confrontados com exemplos que o comprovam, tomam-se semana a semana decisões em sentido contrário. Nos mais variados clubes.
Já perguntei antes nestas páginas se Prestianni tinha bicho. Lage falava em plano, qualquer que este fosse, para o diminuto argentino, que de cada vez que entra em campo o faz de forma focada e provoca instabilidade no adversário. Mourinho nem isso tem e deixou-o seguir para o Mundial sub-20. Só que a sua utilização tem sido tão espaçada e ferida de lógica que mais tarde ou mais cedo vai começar a perguntar-se ‘para quê’ tanto esforço?
Também Schjelderup passou rapidamente a alvo. Tem cara de miúdo, é franzino, defensivamente não está sempre ativo, as suas diagonais não são imparáveis e por vezes trava mesmo o movimento, e o treinador, naquele jeito de quem não quer a coisa, acabou por deixá-lo desde já a arder. Não sei se vai atingir o potencial que o Benfica pagou, mas sei que raramente teve quem apostasse nele a sério.
O técnico disse, no início, e bem, que era importante deixar os jogadores confortáveis com o que lhes era pedido. Olha-se para Schjelderup, que já teve bons momentos, e tem de se perceber o contexto. Não é de 1x1, mas sim de desequilíbrio por associação. Acredito que tenha saudades de Carreras e das suas sobreposições, e precise que Sudakov e Pavlidis andem por perto, mais que não seja para abrirem bolsas de espaço por onde possa entrar. Depois, sim, a continuidade é tudo. Schjelderup foi-me convencendo. Mas o norueguês também não encaixa nos meus preconceitos."

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