"1. A degradação do percurso de Roger Schmidt no Benfica na sua relação direta com a qualidade e rentabilidade da equipa principal e, consequentemente, na sua relação com os sócios e adeptos foi uma tormenta que se prolongou por tempo exagerado e que, inevitavelmente, deixou marcas muito negativas no Clube. O Benfica, que se quer unido nos seus grandes e pequenos momentos - porque é, sem dúvida, essa a sua definição mais simples -, viveu meses de instabilidade desportiva e emocional, de insatisfação interna e da manifestações, sem freio nem medida em torno do seu futebol.
2. Só o tempo nos elucidará sobre as consequências práticas deste período tão invulgarmente conturbado na vida do Clube e sobre a verdadeira dimensão deste abafo que ameaça o dia a dia do Benfica com as suas réplicas que, no dia de hoje, a todos parecem difíceis de evitar.
3. Um bom exemplo desta toxicidade que vem imperando nos últimos e largos meses é a discussão acalorada a que os benfiquistas se entregaram e entregam sobre o nome de novo treinador do Benfica. Consumada a saída de Roger Schmidt, cada dia que passou sem o anúncio oficial do nome do seu substituto foi contribuinte exponencialmente para o extremar das opiniões dos benfiquistas sem responsabilidades na matéria da escolha, mas com enormes responsabilidades na defesa do nosso emblema e na defesa intransigente dos princípios e valores que, desde 1904, fizeram do Sport Lisboa e Benfica um gigante europeu.
4. É de crer que não haverá nenhum adepto do Benfica que se compraza neste ambiente de trincheiras em que o Clube se encontra. Grandes trabalhos esperam os dirigentes do Benfica pelos tempos mais imediatos em prol da recuperação da normalidade funcional de tudo a que o futebol profissional diz respeito. E é muito.
5. Roger Schmidt esteve ao serviço do Benfica durante duas temporadas completas e mais quatro jornadas daquela que seria a sua terceira temporada. O treinador alemão acrescentou ao palmarés do Benfica um Campeonato Nacional e uma Supertaça Cândido de Oliveira. O futebol empolgante com que nos brindou nos primeiros seis meses da sua liderança não deve ser esquecido.
6. As razões que levaram à queda abrupta da qualidade de jogo da equipa e, por inerência, à queda da sua popularidade, que não demorou a transformar-se numa hostilidade pragmática diária, deviam ser analisadas com a minúcia com que um cirurgião se debruça sobre um órgão doente.
7. O campeonato está interrompido por causa dos compromissos das seleções, e o Benfica volta a apresentar-se em campo só no dia 14 de Setembro, um sábado, no Estádio da Luz. O adversário do Benfica será o Santa Clara. O adversário do Benfica nunca pode ser o Benfica. Grandes trabalhos."
Leonor Pinhão, in O Benfica
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!