"Quando tudo apontava para que não conseguisse, Américo realizou o seu sonho
Quantos obstáculos precisamos de superar para realizar um sonho? E qual o número máximo de obstáculos que enfrentamos até desistirmos de algo que tanto queremos? Muitas vezes, quando desistimos, por forma a ficarmos em paz com a nossa decisão, assumimos que não estávamos destinados a atingir o rumo que tanto queríamos, que o destino nos reservava outros planos. No entanto, nos anos seguintes haverá uma questão que nos afrontará de tempos em tempos: 'Como seria se eu tivesse insistido mais?'
O desporto ensina-nos a que nunca tenhamos de viver com essa questão, transmitindo-nos o empenho e a superação como valores fundamentais. A busca pelo patamar que tanto almejamos obriga a levar-nos ao limite, o máximo de vezes possível. A cada treino, a cada jogo!
Américo da Costa Pereira tinha duas grandes paixões desde garoto: o futebol e o Benfica. Estudante no Liceu Gil Vicente, teve de optar pelo andebol em detrimento do futebol, por ser a modalidade mais praticada nessa instituição. Américo acatou e tornou-se andebolista. Pouco tempo depois, novo revés nas suas aspirações. Jogador de campo, aos 11 anos foi-lhe diagnosticada uma pleurisia, 'e o médico a princípio tirou toda e qualquer esperança de continuar a fazer desporto. Acabou por transigir, mas só se fosse guarda-redes'. No entendimento do médico, essa posição exigia menos esforço. A solução não agradava a Américo, mas, após uma longa reflexão, concluiu que 'era a única saída' para se manter a jogar.
Os anos seguintes viriam a demonstrar ter optado pela decisão correta. 'Foi óptimo, porque a movimentação constante dos braços influenciou grandemente a cura total, ganhei elasticidade e uns reflexos excelentes'. A sua qualidade não passo despercebida. Aos 16 anos, um amigo professor do Liceu Gil Vicente, que acreditou em si, levou-o a uns treinos de captação no Benfica: 'Apesar das dificuldades a deixar-me treinar, a verdade é que consegui e fiquei'.
Na temporada 1951/52, ingressou na equipa de juniores dos encarnados e, na temporada seguinte, conquistou o Campeonato de Lisboa em andebol de 11, o Campeonato de Lisboa em andebol 7 e o Campeonato de Portugal na mesma vertente. Ágil e com reflexos apurados, despertou o interesse dos dirigentes do futebol, que o integraram na equipa de juniores, passando a praticar em simultâneo as duas modalidades.
Numa busca pela sua paixão, Américo percorreu um caminho que muitas vezes parecia levá-lo a um rumo oposto ao que tanto desejava. Sem nunca desistir, em 11 de Outubro de 1953, finalmente conciliou as suas duas paixões de criança, jogar futebol ao serviço do Benfica. Com Américo na baliza, os encarnados venceram o Carcavelos por 4-2, na 1.ª jornada do Campeonato de Lisboa. Tratou-se de uma vitória tanto dentro quanto fora das quatro linhas!
Saiba mais sobre as várias modalidades do Clube na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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