"Se acaso houvesse bom senso e sentido de fair play, ninguém verdadeiramente bem-intencionado e desprendido de propósitos escusos poderia pôr em causa a sugestão informalmente lançada pelo Sport Lisboa e Benfica, após o clássico do passado fim de semana. Se não o for, hoje pelo menos parece ser insofismável que mesmo os mais experientes árbitros portugueses já há muitos meses deixaram de ter condições anímicas suficientes que lhes permitam actuar com imparcialidade, equidade e isenção, tanto nos desafios do Campeão como nos do seu competidor mais directo.
O exercício da justiça supõe, em primeiro lugar e seja em que circunstâncias for, a completa disponibilidade intelectual (e física...) do juiz que a exerce, totalmente a coberto de qualquer ameaça e de todos os constrangimentos. Mais do que isso, é essencial que ao juiz seja evidentemente garantida a plena e segura capacitação quanto ao livre desempenho do seu irremissível poder de julgar. Se assim não for, onde não se cumpre nem lei, nem ética, não pode haver qualquer espécie de justiça.
E; afinal, como, em que circunstâncias e em que regime de exercício estão hoje os árbitros a arbitrar, em Portugal? É no desespero de tentar superar insuficiências e inexpiáveis complexos locais oriundos de tempos remotos que o segundo classificado do Futebol nacional há muitos anos se especializou em inventivas e práticas marginais, espúrias à essência do jogo, sempre na esperança de um milagre, ou de um golpe à moda antiga que lhe assegure umas vitórias. O currículo que o mais poderoso clube da cidade do Porto apresenta nessas matérias é extremamente diversificado e muito extenso...
E é assim que, volta, não volta, no desespero em que se encontram, eles se afadigam em tentar recuperar o vastíssimo catálogo dessas experimentadas 'soluções'. Por vezes, com relativos sucessos pontuais, diga-se: ainda por há décadas que eles sabem que o terreno lhe é fértil para as compensações dos seus premeditados crimes... O mais antigo e constante ponto de alvo dessas ínvias 'operações' que tão amplamente caracterizam o velho 'modelo FCP' é, sem dúvida, o cérebro e a espinha dos árbitros, em torno de quem, antes de entrarem em campo, sempre fizeram incidir com cínica premeditação os mais cirúrgicos esforços, incidir com cínica premeditação. A estratégia criação a manutenção sistematicamente desenvolvidos sempre foi a mesma e sempre se mostrou indispensável ao desempenho desportivo daquele gente: envolver, coagir e intimidar os juízes de campo e os virtuais. Mesmo que essas e outras 'operações' viessem ferir gravemente toda a esfera do futebol nas suas leis e regulamentos, atingindo mesmo a passiva caterva de idiotas-úteis que povoa e emoldura todo o cenário.
O que se passou com os juízes presencial e remotamente envolvidos no jogo de sábado (sem cabedal seguro...) não terá sido mais do que uma nova consequência e só mais outro registo no interminável cadastro que não hesitarão em em prolongar até ao fim da(s) época(s).
É-nos, pois, perfeitamente lícito supor que, se não fosse esta a sua única disposição e o seu mais disponível expediente, eles aceitassem o imediato recurso - passivel de aplicar - a árbitros verdadeiramente neutrais e imparciais.
Mas, como não é... para ganharmos o que nós temos de ganhar, só nos resta jogar sempre (ainda), e cada vez mais, melhor - sem distracções na defesa, com grande aplicação no meio-campo e com toda a pontaria no ataque."
José Nuno Martins, in O Benfica
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