"Há quem goste apenas do seu clube. Há quem seja apenas patriota. Mas quem gosta verdadeiramente de futebol, gosta obrigatoriamente do Mundial, em todos as suas dimensões.
Para mim, o Campeonato do Mundo está muito para além da Selecção Nacional ou de Cristiano Ronaldo. Na verdade, o fascínio vem de longe, de tempos em que Portugal nem sequer marcava presença e a prova planetária representava uma dose colossal de futebol televisivo - quando tal ainda era excepção. Recordo-me do Mundial da Argentina em 1978. Foi o meu primeiro. Mais tarde percebi que não tinha sido grande coisa. E que andou envolto em polémica, desde logo pelo aproveitamento político da ditadura de Videla. Mas na minha memória persiste como um sonho de criança, onde entram a bola 'Tango', as serpentinas vindas das bancadas, o Kempes, o Resenbrink, o 'Onze' (revista francesa, então muito à frente do seu tempo), e uma velhinha televisão a preto e branco onde me fui deliciando com a prova.
Depois veio o inesquecível Espanha 82, porventura o melhor Mundial de sempre, no qual coabitaram Maradona, Platini, Rummenigge, Keegan, Zico, Sócrates e muitas outras estrelas de todos os tempos. O Itália-Brasil, por exemplo, foi um dos jogos mais marcantes da história, definindo um antes e um depois do futebol romântico. Muito tempo passou. Já nada é o que era. Hoje os mundiais chegam sem fôlego, após uma época longa e torrencial. As selecções perderam a sua identidade, e são reflexo de um mundo globalizado e padronizado.
Ainda assim, o Mundial continua a ser um momento solene. No próximo mês monopolizará atenções.
Vamos a ele."
Luís Fialho, in O Benfica
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