"O presidente do Benfica cativou a minha admiração, por se poder acreditar nele, uma raridade nos dias de hoje, no desporto como na política.
A confirmação da candidatura de Luís Filipe Vieira às eleições do Benfica, em Outubro próximo, deve ter sido a melhor notícia que associados e adeptos receberam nesta fase de preparação para nova temporada desportiva. Atrevo-me a dizer que mais importante do que a contratação do reforço A ou B para atacar o tetra, foi a certeza de que o actual presidente não vai desistir da concretização do fabuloso projecto por ele iniciado, na companhia de Manuel Vilarinho, como teve cuidado de recordar na declaração feita na última sexta-feira, e ainda não concluído. Se é que, em empreendimento de tamanha envergadura e complexidade, definido o ponto de partida, em 2003, alguém será capaz de estabelecer a linha de chegada, o termo de uma coisa cuja grandiosidade o tempo não consegue medir.
É assim num clube com a dimensão e a ambição do Benfica: nada acaba, tudo evolui, e Filipe Vieira transporta essa invulgar capacidade de querer renovar, todos os dias. Sem outro alcance que não o do engrandecimento da instituição a que preside e consequente fortalecimento do espírito solidário entre os ramos da imensa nação encarnada. A qual, dada a inflamada natureza crítica que a caracteriza e a torna diferente das outras, não pode ser obediência cega ou de resignação. Por ser questionadora, impertinente, intolerante até, sem jamais perder a noção da universalidade do emblema, nem temer as consequências dos conflitos que provoca ou das decisões que assume. Há suficientes exemplos no passado que o testemunham.
Vieira sabe, por isso, que vai continuar obrigado a dar muito de si para corresponder às enormes expectativas que nele estão depositadas. Acredito que se resolveu avançar para outro mandato é porque se sente com disponibilidade física e psicológica para seguir em frente e ampliar a obra que em uma dúzia de anos tirou o Benfica do charco do descrédito e da humilhação.
Por entre avanços e recuos, travando batalhas que muito boa gente não acreditava que pudesse vencer, é irrecusável que, mais pela acção, pela perseverança, pela discrição e pela coragem e menos pela promessa fácil e pela fama dos holofotes, recolocou o clube no lugar devido, não só pelo magnífico complexo desportivo que ali está, na Segunda Circular, para ser visitado e apreciado, que nasceu em substituição do outro igualmente gigantesco, quando Fernando Martins ordenou fecho do terceiro anel, mas também por recuperado o respeito que a história do emblema da águia reclamava. Além de, paralelamente, ter valorizado sempre o espírito de família que deve existir entre a massa adepta, proclamando que cada passo que se dá ou cada conquista que se festeja só é possível com a participação de todos, como deixou vincado na sua declaração: «Hoje como ontem sinto que posso fazer muito por esta família, a família benfiquistas. Atletas, dirigentes e técnicos, sócios e adeptos aqui as vitórias são celebradas por todos».
A segunda ideia basilar incide sobre as opções que cada qual toma para construir o seu caminho. Nesse sentido, mantendo-se se fiel à coerência que tem sido uma das suas principais bandeiras, foi cristalino noutra parte mensagem de recandidatura. «O Benfica mudou muito, mas uma coisa não mudou e são os meus princípios e valores», acentuou, garantindo que não abdicará de lutar por uma fronteira de diferença, porque, como já lhe ouvi, uma coisa é uma pessoa não se deixar enganar, outra é fazer de conta a alinhar na promoção um futebol sem verdade,
A minha admiração por Luís Filipe Vieira não é de hoje, como quem faz o favor de me ler já deve ter percebido. Falo com ele duas ou três vezes por ano, em encontros institucionais com conversas de circunstância, sem espaço para segredos,nem segredinhos... O presidente do Benfica cativou a minha admiração pela qualidade do trabalho, pelo sentido de futuro, por se preocupar com os problemas dos outros, por utilizar um discurso que é poderoso pela simplicidade. Enfim, por se poder acreditar nele, uma raridade nos dias de hoje, no desporto como na política."
Fernando Guerra, in A Bola
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